A água das enchentes de 2014 já secou e vieram outras inundações, mas municípios ainda aguardam socorro para recuperar os estragos do ano passado.
Em Marcelino Ramos, por exemplo, a rua junto a uma encosta onde houve um deslizamento de terra 13 meses atrás continua interditada e sem previsão de receber reparos. As casas atingidas seguem com rachaduras e sem condições de uso, enquanto as famílias recebem um aluguel social à espera de solução.
- Não entendemos como pode haver tanta burocracia para liberar essas verbas. Os técnicos do Ministério da Integração Nacional fizeram vistoria em maio deste ano, mas ainda não sabemos quando receberemos o dinheiro - afirma o prefeito de Marcelino Ramos, Juliano Zuanazzi.
A verba necessária apenas para recuperar a via é estimada em cerca de R$ 400 mil - ainda não há cálculo para a reconstrução das moradias. Levantamento realizado pela Federação das Associações de Municípios do Estado (Famurs) demonstra que 107 cidades gaúchas afetadas por chuvaradas em 2014 receberam R$ 9 milhões por meio da Defesa Civil do Estado para gastos emergenciais, como kits humanitários e combustível. Porém, ainda aguardam cerca de R$ 30 milhões da União.
Segundo a pesquisa da Famurs, desses 107 municípios, 86 tiveram planos de trabalho de recuperação aceitos pelo Ministério da Integração, mas somente 27 continham metas consideradas adequadas pelo governo, e apenas dois já receberam aprovação da documentação técnica exigida para comprovar a origem dos estragos. Como resultado, apenas R$ 600 mil haviam sido autorizados.
Saiba por que a água demora a baixar na Avenida Assis Brasil
Leia todas as matérias sobre a enchente
O presidente da Famurs, Luiz Carlos Folador, reconhece que, algumas vezes, o recurso não é liberado por falhas nos processos das prefeituras, como ausência de algum documento. Mas entende que todo o processo precisa ser aprimorado.
- Precisamos ter um sistema mais ágil e eficiente para liberação de recursos. Hoje, demora demais - sustenta Folador, que terá uma audiência em Brasília na segunda-feira para tratar deste assunto.
Em relação à demora para recuperação de estragos nos municípios, o Ministério da Integração Nacional diz que foram encontradas "inconsistências" nos documentos das prefeituras, o que exigiu a reformulação dos pedido.