A chuva deve dar uma trégua para o Rio Grande do Sul, pelo menos, até amanhã. A notícia é um alívio para os gaúchos, já que o excesso dágua dos últimos dias afetou 64 cidades e mais de 51 mil pessoas no Estado. Muita gente precisa de ajuda, e você pode fazer a diferença.
Depois de duas semanas de chuva constante, com pouca abertura de sol, agora, a previsão é de tempo firme. O sol deve ajudar a amenizar o estragos que são preocupantes, principalmente, em cidades da Região Metropolitana. Apesar da melhora do tempo, o nível do Rio Uruguai segue aumentando.
Segundo o último boletim da Defesa Civil Estadual, liberado às 17h de ontem, mais de 2,7 mil pessoas estavam em abrigos em todo o Estado. Para ajudar os gaúchos castigados pela chuva, é importante doar materiais de higiene, cestas básicas cobertores e colchões.
Uma campanha em nível estadual está arrecadando mantimentos para as famílias que tiveram de deixar suas casas e que perderam pertences. E a ajuda pode partir de qualquer lugar. Em Santa Maria, os pontos de coletas de doações são as três unidades do Corpo de Bombeiros de Santa Maria, na Rua Coronel Niederauer, no bairro Camobi e no Parque Pinheiro Machado.
Na tarde desta terça-feira, o aposentado Jairo Pereira, 61 anos, foi dar a sua contribuição. Ele e a mulher, Catarina Nunes Pereira, 60, doaram arroz, feijão, massa e mais diversos alimentos para as famílias atingidas. A ação não é isolada, já que o casal costuma montar cestas básicas para doação.
- Às vezes, até parece pouco para a gente, mas para quem está precisando, o básico, um arroz com feijão, é um luxo. Só quem passa por isso, sabe qual é a dificuldade - afirma Pereira.
Uma tonelada de alimentos
Os comandos recebem doações de todos os tipos, mas os itens de mais necessidade são alimentos e cobertores. Segundo o Coordenador Regional da Defesa Civil, Major Gerson Freitas Marques, desde que a campanha começou, na noite de segunda-feira, até a tarde desta terça-feira, Santa Maria já recolheu cerca de uma tonelada de alimentos. As doações recebidas aqui serão encaminhadas para os locais de maior necessidade no Rio Grande do Sul.
- Em Santa Maria, felizmente, nenhuma pessoa está precisando receber doações. O que recebermos aqui, será destinado para dois pontos principais, que são as cidades da Região Metropolitana e a Fronteira Oeste - afirma Freitas.
Você também pode ajudar
O que as famílias mais precisam
- Gêneros alimentícios não-perecíveis
- Água
- Colchões, roupas de cama e cobertores
- Produtos de higiene e limpeza
Prejuízos e união
Apesar de Santa Maria ter sido menos castigada do que outras cidades do Rio Grande do Sul, a situação ainda é preocupante em algumas regiões, especialmente no Passo do Verde. O nível do Rio Vacacaí subiu 65 centímetros das 22h de segunda-feira até às 17h desta terça-feira.
De acordo com Adelar Vargas, secretário de Ação Comunitária, o nível do rio deve subir ainda mais.
- A água está chegando na ponte de dentro, carro pequeno já não entra mais na ponte do Verde. Agora é que estão chegando as águas de São Gabriel, então, o nível do rio vai subir mais. Tenho experiência dos outros anos. Às vezes, leva em torno de dois ou três dias para aumentar o volume dágua. Acredito que ainda aumente cerca 80cm - alerta o secretário Vargas.
O prejuízo só será contabilizado depois que o nível do rio começar a descer, o que, segundo os moradores, deve acontecer entre amanhã e sexta-feira. Acostumados com a situação, que se repete a cada ano, as medidas para evitar prejuízos são tomadas antecipadamente. Além disso, a solidariedade também se faz presente.
- Depois que o rio sobe, só de barco para passar por aqui. Se um vizinho não tem, a gente se empresta e assim vai funcionando. Todo mundo se conhece e um vai tomando conta da casa do outro também - afirma o aposentado Carlos Gomes, 71 anos, que há 17 anos enfrenta dias de enchente no balneário.
Nível do Rio Jacuí segue sendo monitorado
Ainda que a chuva tenha dado trégua, a preocupação agora é com o nível dos rios. Em Agudo, Faxinal do Soturno e Dona Francisca, os bombeiros monitoram o nível do Rio Jacuí. Até a tarde desta terça-feira, em Agudo, o rio estava, pelo menos, um metro e meio acima do nível. Na cidade, são cerca de 100 a 200 famílias que moram na beira do rio. Por isso, segundo o Coordenador da Defesa Civil, Mardiel Luiz Dickow, o local segue sendo monitorado:
- Não tivemos granizo e ainda não ouve registro de alagamentos. Mas é preciso ficar a atendo ao nível do rio, para se necessário, avisar as famílias.
Em São Sepé, moradores estão sem água
Em São Sepé, cinco pontes de localidades do interior continuam submersas. Segundo a prefeitura, só será possível saber quais foram os danos nas estruturas depois que o nível das águas da chuva começarem a baixar.
A boa notícia é que a cidade não registra desabrigados, nem pessoas ilhadas. No entanto, desde a noite de segunda-feira até às 16h desta terça-feira, pelo menos 4 mil das 6,3 mil residências abastecidas pela Corsan estavam sem água. Segundo o Chefe de Unidade de Saneamento da Corsan de São Sepé, Diego Silveira, o problema é que o ponto de captação da Corsan está submerso, devido à cheia do Rio São Sepé.
Segundo Silveira, mergulhadores monitoram o local e, assim que o nível do rio começar a baixar, eles devem entrar em ação para avaliar o que está obstruindo o ponto de captação. Até a tarde desta terça-feira, não havia previsão de quando o abastecimento seria normalizado.
- A gente precisa que o rio baixe pelo menos uns 3 metros para os mergulhadores vistoriarem o local. Por enquanto, temos que aguardar e não temos como voltar com o serviço - afirma Silveira.
Famílias estão desabrigadas em São Gabriel
Em São Gabriel, a preocupação é com o nível do Rio Vacacaí. O rio, que normalmente tem 9 metros, chegou a 14 metros na tarde desta terça-feira. De acordo com Felipe Nascimento Abib, coordenador da Defesa Civil do município, seis famílias ficaram ilhadas no Bairro Mato Grosso. Dessas, quatro foram removidas de casa e levadas para as residências de familiares. Ainda segundo ele, cerca de 50 famílias seguem sendo monitoradas em localidades próximas do Rio Jacuí.
- O rio já está estabilizado. Agora, torcemos que, durante um três dias não chova novamente, para que o nível possa baixar e não ocorra nenhum novo problema - afirma Abib.
Estradas foram liberadas, mas desvio segue interrompido
No Passo da Ferreira e no Passo das Tropas, o nível da água baixou, liberando as estradas que estavam submersas na segunda-feira. Segundo o Batalhão Rodoviário da Brigada Militar, a ponte de acesso da ERS-511, na Estrada Norberto José Kipper, foi liberada às 8h50min desta terça-feira. Uma equipe do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) esteve no local fazendo a vistoria da ponte e liberou o trânsito no local. O trecho estava interditado desde as 11h30min de segunda-feira.
Já o trecho em que foi feito o desvio para chegar ao Hotel Fazenda Pampas, ao lado da Rua Angelin Bortoluzzi, continua interrompido. O desvio foi levado pela água na tarde de segunda-feira. A alternativa é uma rota que passa por Arroio Grande. Para acessá-la, é preciso entrar na Avenida João Machado Soares e seguir até a VRS-304, acessar a estrada Norberto José Kipper e, então, entrar na Estrada Municipal Daniel Rizzi.
A estrada Januário Chagas Franco, no distrito de Santa Flora, já foi liberada. Um trecho estava interrompido na segunda-feira porque a sanga das Druzianas havia transbordado.A RSC-502, que tinha interrupções entre Paraíso do Sul e Cachoeira do Sul, também foi liberada ontem.
No distrito de São Valentim, há três estradas com pontos de alagamentos. De acordo com o subprefeito, Julio Cezar Toniolo, a água do Rio Sarandi está passando por cima da Estrada do Sarandi. Na localidade Colônia da Conceição acontece o mesmo problema. E, por fim, na Estrada da Picadinha, a água do Rio Taquarichim está passando por cima da estrada.
- Só estamos esperando firmar o sol para ir consertando as estradas - explica Toniolo.
Sol deve aparecer nesta quarta-feira
De domingo à tardinha até a madrugada desta terça-feira, choveu 111mm em Santa Maria. A média prevista para todo o mês de julho é de 142mm. Mas o aguaceiro deve dar uma trégua até o final da semana, de acordo com o Grupo de Modelagem Atmosférica de Santa Maria (Gruma).
Ainda de acordo com o Gruma, há uma massa seca de ar frio se estabelecendo sobre o Rio Grande do Sul, por isso, a temperatura nesta quarta-feira deve ser um pouco mais baixa. Em Santa Maria, o sol aparece, e a mínima fica em torno de 7°C. A máxima não deve passar de 16°C.