O deputado estadual Miguel Bianchini (PPL) assumiu publicamente, na tarde desta quarta-feira, que errou com os colegas ao dizer ser prática recorrente entre os parlamentares o recebimento de parte dos salários dos seus assessores. A retratação do santiaguense, que está em seu primeiro mandato, era aguardada para terça-feira. Porém, o pronunciamento dele ocorreu nesta tarde, por volta das 15h30min. Em sua fala, que durou menos de cinco minutos, ele reconheceu o erro, mas garantiu que sua declaração reflete sua descrença com a "decadente política brasileira".
_ Tudo que afirmei vem de testemunhos e fatos gerenciados na minha convivência de anos como parlamentar. A minha declaração foi pública e expressa a minha opinião e o meu ponto de vista e o cenário que vislumbro da política decadente de nosso país. Se extrapolei, se generalizei foi dentro da minha livre manifestação de pensamento garantida pela Constituição. (...) Pela minha falta de ética, peço desculpa a todos os deputados.
Ainda em sua fala, Bianchini afirmou que a reeleição estimularia "prática escusas, rejeitadas pela sociedade". Ao fim do pronunciamento, não houve aplausos a Bianchini. A retratação do deputado, ao que tudo indica, parece ter colocado um ponto final no mal-estar provocado pelo parlamentar junto aos seus colegas. Esse é o entendimento do deputado Juliano Roso (PC do B), que preside a Comissão de Ética da Casa.
Deputados dizem que "retratação era o mínimo a ser feito"
O deputado Valdeci Oliveira (PT) acredita que a retratação era o mínimo que o santiaguense poderia fazer frente ao desgaste que ele provocou à Casa. Na mesma linha, o deputado Jorge Pozzobom (PSDB) afirma que a declaração foi grave e colocou em xeque a credibilidade da Assembleia e dos colegas.
O cientista político e professor da Unifra, Guilherme Howes, acredita o deputado Bianchini não dimensionou a gravidade da sua declaração:
_ O agravante que lhe causou problema foi ao dizer que todos (deputados) fariam isso. Ele jogou ao coletivo a máxima de que "todo mundo faz". Obviamente, que o formato dos cargos em confiança, os CCs, faz com que essa prática (de recolher salários) tenha adesão seja nas Assembleias Legislativas ou nas Câmaras de Vereadores. Mas o erro dele foi generalizar.