Depois de oito operações de combate a leite adulterado, o Ministério Público do Rio Grande do Sul deflagrou, na manhã desta terça-feira, a primeira ação contra derivados do produto. Batizada de Operação Queijo Compen$ado 1, mostrou esquema de fraude no queijo fabricado por uma indústria de Três de Maio.
MP descobre fraude em queijo vendido ilegalmente no Estado
Em detalhes, veja como funcionaria a fraude segundo o MP:
1) Matéria-prima fora dos padrões
A Laticínios Progresso Ltda, com sede na localidade de Progresso, distante cerca de 19 quilômetros do centro de Três de Maio, comprava leite de má qualidade, que havia sido descartado pelas indústrias por estar fora dos padrões de venda do leite líquido.
2) Mistura de amido de milho
Em vez de usar 10 litros de leite para fazer 1 quilo de queijo (que é a fórmula padrão), a empresa usava apenas de cinco a seis litros da matéria-prima e adicionava amido de milho para compensar, fazendo "render" o produto final.
3) Venda antes do tempo de maturação
Para completar a fraude, os fabricantes não esperavam o tempo de maturação necessário do produto. Enquanto um queijo deveria permanecer de 10 a 15 dias, variando conforme o tipo, ele saía da fábrica quatro ou cinco dias depois de produzido.
4) Distribuição irregular
Por lei, os queijos da Laticínios Progresso poderiam ser comercializados apenas dentro de Três de Maio, pois a empresa tem apenas registro municipal. No entanto, nos sábados, à meia-noite, a mercadoria adulterada era transportada até um depósito clandestino em Ivoti, no Vale do Sinos. A ideia era aproveitar a fiscalização mais relaxada. À frente do caminhão frigorífico, um dos donos da fábrica ia em um carro como "batedor", para avisar em caso de alguma blitz.
5) Rótulos de outras marcas
Algumas vezes, o queijo já adulterado era fatiado e embalado na sede de Ivoti. Isso acontecia, conforme escutas revelaram, quando clientes reclamavam da marca Progresso e então ele era rotulado com outra embalagem.
6) Venda era feita em 23 cidades
De Ivoti, o laticínio era distribuído para 72 estabelecimentos - mercados, supermercados, padarias e comércios de Campo Bom, Canoas, Capela Santana, Caxias do Sul, Cidreira, Dois Irmãos, Estância Velha, Guaíba, Igrejinha, Ivoti, Lindolfo Collor, Morro Reuter, Novo Hamburgo (onde ficam a maioria dos estabelecimentos, Parobé, Portão, Porto Alegre, Rolante, São José do Hortêncio, São Leopoldo, Sapiranga, Sapucaia do Sul, Taquara e Três Coroas. A lista completa de estabelecimentos está disponível aqui.
* Colaborou José Luís Costa