O deputado federal catarinense João Rodrigues (PSD) virou notícia nacional em meio às votações da reforma política na Câmara dos Deputados nesta quinta-feira. Não foi pela defesa de algum modelo eleitoral ou tese sobre financiamento de campanha, mas pelo vídeo gravado pela equipe de reportagem do SBT Brasília em que o parlamentar aparece vendo vídeos supostamente pornográficos durante os debates.
Deputado catarinense assiste a vídeo pornô durante votação na Câmara
Rodrigues conversou com o Diário Catarinense pouco antes de embarcar de volta a Santa Catarina, no início da noite desta quinta. Ele afirmou que estava vendo mensagens recebidas através de grupos de conversa no aplicativo WhatsApp e que pretende processar a emissora por invasão de privacidade.
- Quem é que está no WhastApp e não recebe esse tipo de coisa?
<BLOCKQUOTE cite=/sbt.brasilia/videos/971127422927591/>Posted by SBT Brasília on Quinta, 28 de maio de 2015
Leia a íntegra da entrevista com João Rodrigues:
Só se fala no vídeo, deputado.
É, fiquei eu agora na manchete. Foi uma sacanagem, porque eu estava na sessão quarta. Tinha encontro nacional dos prefeitos aqui em Brasília. Eu tenho no meu celular os grupos de WhatsApp. Grupos de amigos, colegas políticos, uns 70 grupos. Quinta-feira eram muitos prefeitos perguntando como estava a votação. E tinha os grupos do interior do Estado que sempre postam que sempre vem acidente, briga, essas imagens que rolam nas redes sociais. Quando veio o WhatsApp, eu abri e tinha um videozinho de uns 10, 12 segundos. Aí eu botei embaixo da mesa e cutuquei o deputado e disse: "olha as coisas que postam no grupo". Um que passou atrás de mim perguntou o que a gente estava vendo. Fui apagando, apaguei três ou quatro imagens. O guri do SBT captou a imagem só da hora em que estava no WhatsApp. Eu fiquei apagando sete ou oito vídeos de acidente de trânsito, briga, facada. Essas coisas da rede social.
O senhor pretende mudar a forma como usa o WhatsApp em plenário?
Não, eu uso normal. Recebo notícias e informações. A única coisa foi uma imagem que apaguei e pronto.
E chamou atenção dos seus colegas?
Eles não têm culpa de nada, eu que chamei para olhar.
Como o senhor está avaliando a repercussão disso?
Eu acho que é uma covardia. Se eu estivesse assistindo um vídeo pornô... você há de convir comigo, um vídeo pornô dura um minuto e meio, dois minutos. Eu estava apagando imagem de WhatsApp, esses filminhos. A repercussão é algo que machuca a gente. Eu tenho filhos, família, graças ao bom Deus sou uma pessoa bem encaminhada. Então, você vê uma imagem dessa e pensa "que coisa desgastante". Agora, quando você não fez nada de errado, tem a segurança de explicar e falar como estou falando contigo.
O senhor teme ficar marcado pelo episódio?
Não, a gente só fica marcado quando erra, quando comete algo que é culpa tua. Eu estou falando normalmente contigo e vou te perguntar: nos teus grupos de WhatsApp, eles não postam às vezes uma bobagem qualquer? Dá comigo, dá contigo e dá com qualquer um.
Seu vídeo teve mais destaque que a reforma política.
O destaque da semana foi o vídeo, porque a reforma na verdade não andou. Aconteceu nada, uns remendos.
O senhor chegou a dizer que pretende processar o SBT. É isso mesmo?
Com certeza absoluta. Vou exigir que eles provem que é um filme pornô, que eu estava assistindo um filme pornô durante a sessão. Tinham cinco ou seis deputados perto de mim e viram que era postagem do WhatsApp. E era um videozinho que não dava 15 segundos. Se for olhar a matéria (a reportagem), ela não dá 20 segundos ao total. Se fosse um vídeo, a TV ia segurar a imagem, ia mostrar mais. O que ela fez? Pegou a mensagem de quando eu estava vendo e depois a imagem de eu respondendo o grupo, "não manda esse tipo de coisa que eu tô aqui trabalhando". Eu não assisti inteiro. Foi essa, mais uma foto, um acidente lá no Oeste, gente quebrada. O cara filmou isso e colocou como se eu estivesse olhando putaria. E na verdade era só o vídeo que eu apaguei e o resto era mensagens que eu estava trocando. O SBT poderia ter um pouco mais de cuidado.