O grupo Estado Islâmico (EI) assumiu, nesta quinta-feira, o controle total da cidade síria de Palmira, declarada patrimônio da humanidade. Agora, o grupo jihadista administra metade do território do país. A ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) e combatentes na região afirmaram que as tropas do regime sírio abandonaram suas posições nas proximidades da cidade, que fica no deserto.
- Os combatentes do EI estão em todos os lados de Tadmor (nome árabe de Palmira) e perto do sítio arqueológico, ao sudoeste da cidade - disse o diretor da OSDH, Rami Abdel Rahman.
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- As tropas do regime caíram e se retiraram de todas os postos sem oferecer resistência - disse Mohamad Hasan al-Homsi, militante de Palmira.
De acordo com o OSDH, as tropas do governo sírio abandonaram as posições dentro e na periferia da cidade. Os militares deixaram toda a Badiya (deserto sírio), o aeroporto militar e a prisão, onde os jihadistas entraram durante a noite. A queda da cidade de 2 mil anos para o EI provoca temores pelas famosas ruínas da localidade, que são consideradas patrimônio da humanidade pela Unesco.
Desde o início da ofensiva em 13 de maio, a batalha de Palmira provocou 462 mortes, segundo o OSDH. A ONG recordou que, com a tomada da cidade, o EI controla "mais de 95 mil km² na Síria, o que representa 50% do país".
União Europeia alerta que "assassinatos e destruição" podem constituir crime de guerra
A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, advertiu, nesta quinta-feira, que os "assassinatos e a destruição deliberada do patrimônio arqueológico e cultural na Síria e no Iraque", por parte do EI, podem constituir um "crime de guerra".
- Mais uma vez, centenas de pessoas foram mortas e milhares foram expostas às ações arbitrárias de violência, enquanto há o risco de destruição de novos sítios culturais - disse Mogherini, citada em um comunicado. - Os assassinatos e a destruição deliberada do patrimônio arqueológico e cultural na Síria e no Iraque pelo Daesh (Estado Islâmico) podem constituir um crime de guerra nos termos do Estatuto de Roma - ressaltou.
Segundo Mogherini, o bloco europeu já "tomou todas as medidas apropriadas" para evitar o "tráfico ilegal de bens culturais (...) que contribuem diretamente para o financiamento do Estado Islâmico e outras organizações terroristas."
Já a Unesco apontou que a destruição da área seria uma "enorme perda para a humanidade"
- Palmira é um extraordinário patrimônio da humanidade no deserto e qualquer destruição ocorrida no local seria não apenas um crime de guerra, mas também uma enorme perda para a humanidade - disse a diretora da organização, Irina Bokova, em vídeo.
* AFP