Dalírio Beber (PSDB) assume terça-feira no Senado Federal a vaga deixada por Luiz Henrique da Silveira, vítima de um infarto fulminante no último dia 10. A informação foi confirmada pelo próprio político no final da tarde desta sexta-feira.
A posse ocorre durante a sessão ordinária da Casa, que tem início às 14h, após a leitura da ordem do dia. Segundo Beber, o ato deve ser feito por volta das 16h:
- Não há uma solenidade específica. Na abertura da sessão, antes de dar prosseguimento à pauta, eles chamam a pessoa, solicitam que seja feito o juramento, declaram empossado e depois continuam a sessão.
Beber segue para Brasília na terça-feira pela manhã. Segunda-feira à noite ele participa da posse da nova diretoria da Associação Empresarial de Blumenau (Acib), que contará também com a presença do governador do Estado, Raimundo Colombo. O prefeito de Blumenau e afilhado político de Beber, Napoleão Bernardes, vai acompanhar a posse em Brasília.
O novo senador conta que ainda não leva demandas para a primeira sessão no Senado. Disse estar analisando as manifestações e sugestões de temas que tem recebido nos últimos dias.
- Vou fazer uma triagem e com certeza levarei o que for interessante. Conversei com algumas lideranças do partido e vou estar com eles pessoalmente terça-feira durante o almoço da bancada (do PSDB), e já vamos ter esse primeiro debate - conta, ressaltando que logo na terça-feira deve se encontrar com os senadores Aécio Neves, José Serra, Álvaro Dias e, claro, Paulo Bauer, que sentará ao seu lado durante as sessões do Senado, entre outras lideranças.
Sobre a participação em comissões ou outras atividades parlamentares, Beber afirma que a definição deve ser feita pelo senador Cássio Cunha Lima, líder da bancada tucana no Senado, nos próximos dias.
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"Não serei candidato à reeleição", diz Dalírio
Na primeira entrevista em que rompeu o silêncio do luto e projetou o cenário político do qual será um dos protagonistas, ele fala para o colunista do Jornal de Santa Catarina Clóvis Reis sobre a sucessão em Blumenau, a eleição em Santa Catarina e a agenda política do Brasil.
Qual é a marca da gestão do PSDB no primeiro mandato do prefeito Napoleão Bernardes?
A transparência.
O que ficará como principal legado da gestão?
O prefeito ainda está na metade do mandato. Os resultados no setor de saúde são visíveis. Na área de educação a avaliação também é positiva. [Falando sobre a dificuldade para a execução de obras] Na administração pública, entre uma ideia e a sua execução, leva-se sete anos.
Qual a sua opinião sobre a nova localização da ponte do Centro?
Trata-se de uma questão técnica. É a melhor opção para a cidade. Precisamos de mais cinco ou seis pontes, para melhorar a mobilidade urbana.
O que o senhor pensa sobre a proposta de aumento no número de vereadores?
O PSDB se posiciona de modo contrário. O momento político do país não é recomendável para a discussão da forma como ela se projeta na rua. Em respeito ao sentimento da população, essa discussão deve voltar num outro momento, a partir de outros parâmetros.
A supercoligação que se projeta em torno da reeleição do prefeito Napoleão Bernardes é um reconhecimento aos méritos do primeiro mandato ou representa um risco para o segundo mandato?
É muito cedo ainda. Falta mais de um ano para a discussão das coligações que disputarão as eleições do ano que vem. As possibilidades de reeleição do prefeito são consequência das ações dele.
O prefeito Napoleão Bernardes é um bom nome para disputar o governo do Estado em 2018?
Ele é jovem e certamente terá forte participação na política como uma expressão estadual, representando Blumenau e o Vale do Itajaí.
Qual a sua avaliação sobre o governo de Raimundo Colombo (PSD)?
Todos os Estados estão com dificuldades. Fiz parte do governo como presidente da Casan e realizamos um bom trabalho, com um pacote de investimento de quase R$ 3 bilhões. A expectativa é de que o Estado saia de 15% para 45% de cobertura de esgotamento sanitário. Em algumas cidades, se chegará a 75% de coleta e tratamento.
Qual é o caminho do PSDB em 2018?
Todos os partidos têm que se preparar para oferece uma candidatura própria. Não quer dizer que mais à frente não ocorra uma coligação. O PSDB se prepara para ter candidato a governador em 2018 com certeza.
Qual será a sua principal bandeira no Senado?
O PSDB tem várias bandeiras e me posicionarei com a bancada do partido. Vou trabalhar pelas bandeiras do Luiz Henrique, que era um estadista. Elas interessam a Santa Catarina e ao Brasil.
Qual é a avaliação do senhor sobre o governo da presidente Dilma Rousseff (PT)?
A maior frustração dos brasileiros é com o Brasil encantador descrito na campanha eleitoral, no qual todos gostaríamos de viver e não conseguimos encontrá-lo. Passados alguns dias da campanha, aquele Brasil encantador desapareceu.
O que o senhor opina sobre o projeto de reforma política?
A proibição de algumas coligações fortalecerá os partidos, promovendo mais uniformidade de discursos e de bandeiras. Hoje os candidatos estão acima dos partidos. Precisamos de novas práticas partidárias, para que a sociedade identifique as agendas que mais valoriza.
O voto pelo distritão não fragiliza os partidos?
Eu defendo o voto distrital misto. Com o distritão as campanhas continuam iguais, obrigando a criação de frentes eleitorais em todas as regiões e beneficiando os candidatos mais conhecidos. Ao contrário, com o voto pelo distrito, o candidato faz campanha na sua comunidade, onde trabalha e tem convívio social.
E a reeleição?
Está mais do que provado que não está bem avaliada. Porém, precisamos de mandatos mais prolongados, para que o gestor público tenha um tempo para realizar as suas principais propostas.
E o pacto federativo?
Em 1988, a partilha do bolo tributário reservava 20% para os municípios. Hoje a parcela ronda os 12%. A distribuição dos recursos é política, não é institucionalizada. Temos que revisar o pacto federativo, para assegurar mais receitas para os municípios, onde começa a definição das prioridades. A decisão sobre novas obras deve ocorrer na unidade a qual pertence a receita. Também temos que discutir a reindexação das dívidas dos Estados.
Qual é a sua proposta?
Hoje os Estados transferem para a União valores significativos. Defendo que estes recursos fiquem nos Estados, vinculados à realização de obras definidas em acordo entre os governos federal e estadual, de modo que se troque o pagamento de dívidas estaduais pelo compromisso na execução de obras federais, abatendo o investimento do valor das dívidas.
Qual é o seu plano para 2018?
É muito cedo para conjecturas. Vou me alinhar ao partido no melhor projeto para Santa Catarina e para o Brasil.
O senhor tem disposição para liderar uma chapa?
Não. Meus cabelos estão brancos. Estou fora.
O senhor disputará a reeleição?
Não. Espero cumprir bem esta etapa, que é do Luiz Henrique da Silveira, por respeito e admiração a ele. Não refaço nenhum projeto pessoal que eu tinha domingo pela manhã [antes da morte do ex-governador]. Não passa pela minha cabeça nenhum projeto de candidatura.
O Dalírio Beber nos holofotes é uma passagem? O senhor volta para os bastidores?
Eu quero continuar sendo o Dalírio do partido. Fico satisfeito com o reconhecimento partidário, em 27 anos de PSDB.
Quem são suas principais referências políticas?
Mário Covas, Franco Montoro e Teotônio Vilela.