Caibaté muda rotina para combater maior surto de dengue do RS
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Agentes da prefeitura de Santo Ângelo com coletes de combate à dengue desceram, na manhã de quinta-feira, de duas vans para a terceira rodada de visitas a residências no bairro Castelarin, próximo ao centro da cidade. Adentram o pátio de uma pequena casa de madeira.
Duas vezes, já haviam encontrado ali poças d´água com larvas, que em até sete dias iriam evoluir para o Aedes. Nesse dia não foi diferente: em um prato sob um vaso de flores, uma lagarta dançava na água. A moradora pediu desculpas e disse que nem percebeu, mas se comprometeu a não deixar acontecer uma quarta vez.
- Os agentes viram potes d´água, explicam quais as precauções, mas muita gente simplesmente não controla seu pátio. Nosso trabalho é constante, mas nem sempre encontramos os focos - explica a coordenadora da Vigilância Ambiental de Santo Ângelo, Selenir Arruda, que conta com uma equipe de 31 pessoas para monitorar as casas de 80 mil habitantes.
Em vídeo, entenda como o mosquito da dengue se prolifera:
Situações como essa ajudam a explicar por que os casos de dengue se espalham com tanta rapidez e se repetem ano após ano. Na região Nordeste, conforme a divisão de controle ambiental da Secretaria Estadual da Saúde, criou-se o hábito de guardar água da chuva para lavar calçada ou molhar plantas. Mas nem sempre se toma cuidado com a limpeza dos reservatórios - o que é determinante para o surgimento de criadouros em uma região quente e com muita incidência de chuva.
- Fico sempre de olho no meu quintal e também no dos vizinhos. Mas muitos não querem nem te ouvir quando reclamas que estão acumulando água em pneus, vasos ou latas velhas de tinta - afirma a diarista Maria Lunardi, que mora em uma rua de Santo Ângelo com dois casos suspeitos de dengue.
Laboratórios avaliam 300 ocorrências da doença
Na visita de inspetores da prefeitura na quinta-feira, ela mesma foi surpreendida com larvas de mosquito em uma dobra da piscina de plástico guardada nos fundos de casa. Diz nunca ter sido alertada de que o inseto poderia se desenvolver em espaços tão pequenos. Prometeu ficar mais atenta.
Na cidade, são 35 casos de dengue confirmados em 2015, dentre eles, a primeira morte pela doença da história do Estado. Os números devem aumentar nas próximas semanas: há cerca de 300 ocorrências em análise laboratorial. O surto também começou no final de março no município.
A atendente Tatiele Maciel da Luz, 21 anos, teve o irmão internado em razão da dengue. Como ele a visitava com frequência, a casa dela e de vizinhos viraram alvo de agentes equipados com pesadas vestimentas de proteção e pulverizadores de inseticida. Se um mosquito picou o doente, rapidamente poderá transmitir dengue para os moradores locais.
A cena chamou a atenção da vizinhança. Para espantar o mosquito, Tatiele se desfez de todos os vasos de flores que tinha no pátio, e os plantou direto no jardim.
- Quando acontece na nossa casa, nos damos conta de que temos de agir - diz a atendente.