Dono de terras arrendadas para empreendimento de energia no Estado, o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha (PMDB), estaria fazendo lobby na Eletrobras para turbinar os próprios negócios, segundo a revista Época. O político gaúcho nega as acusações e afirma que pretende processar a publicação.
Em reportagem divulgada nesta sexta-feira no site de Época, é relatada a visita de Valter Cardeal, diretor de geração da Eletrobras, ao gabinete do ministro. Na versão de Padilha para o encontro - gravada, segundo a revista -, o ministro afirmaria que fez uma consulta "sobre a possibilidade de expansão do parque eólico". Pelos canais regulares, uma eventual expansão do parque deveria passar por leilões públicos de venda de energia, fora do alcance de decisões da Eletrobras.
A responsável pelo parque em terras do ministro, em Tramandaí, é a portuguesa EDP Renováveis. Segundo a revista, os registros da terra arrendada à EDP tiveram seus rastros "borrados", para que não fosse vinculada diretamente ao ministro. Em entrevista a ZH (veja abaixo), Padilha não nega que seja dono do terreno, mas informa que a área pertence à Gaivota Empreendimentos, empresa em que é sócio de Simone Camargo, sua mulher.
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A EDP informou não ter participado das negociações do arrendamento, por ter adquirido o projeto com essa questão já definida, e que não há intenção ou estudo para a expansão do parque.
O senhor fez lobby a favor da EDP na Eletrobras, como afirma a revista Época?
Absolutamente não. Vou responsabilizar civil e criminalmente os autores da matéria. Não existe processo de ampliação do parque eólico tramitando, não existe pedido meu ou de quem quer que seja para ampliação, e a própria EDP disse que não tem interesse. Sou um dos três proprietários da área do parque arrendada para a EDP. O resto é imaginação de quem escreveu.
O que foi tratado na reunião entre Valter Cardeal e o senhor no seu gabinete?
Não houve lobby. Foi feito lobby por quem ou em favor de quem? Lobby em que projeto? Em que processo? Em que órgão? É absolutamente imaginação. Não existe absolutamente nada. Ele (Cardeal) foi me cumprimentar pela posse no ministério, foi uma visita de cortesia.
As terras do parque eólico estão no nome do senhor?
Quem escreveu não teve o trabalho de ir ao registro de imóveis e pedir a matrícula. A parte que pertence a mim da área onde fica o parque está no nome da empresa Gaivota Empreendimentos, da qual sou o cotista maior e diretor. A propriedade está clara. A Gaivota arrenda uma área para a EDP. Quem produz energia é a EDP, não a minha empresa.
A revista afirma que o contrato com a EDP lhe rende R$ 1,6 milhão ao ano e que ampliar a produção de energia lhe favoreceria. Isso procede?
Existe uma cláusula de confidencialidade. Não posso tratar de números. Valores eu informo sempre à Receita Federal.
A reportagem diz que a empresa Uno, registrada no nome de Elisiane da Silva, que trabalhou com senhor, recebe os valores da EDP. Também cita a Amanhecer, de Elisiane e de Simone Camargo, que seria administrada por Luciano Begni, ex-funcionário seu. Qual a relação com essas pessoas?
Elisiane e Luciano não participam da empresa que é dona da terra. A Uno não tem nada que ver com a EDP. Quem fez o contrato, quem recebeu valores sobre o arrendamento da terra foi a Gaivota. A Simone Camargo é minha mulher, responde pelo escritório de advocacia que está no nome dela e no meu. O Luciano é funcionário do escritório.