A promotora de Justiça Adriana Chesani concedeu 30 dias de prazo para a Secretaria Municipal da Saúde informar como impedirá o consumo de crack entre pacientes do Centro de Atenção Psicossocial (Caps/Reviver).
Outra medida requerida é de caráter urgente: estabelecer quem facilita a entrada de substâncias ilícitas. Denúncias indicam que alguém estimula ou faz vistas grossas ao uso de drogas entre homens e mulheres sob tratamento na instituição. A coordenação da casa convocou reunião de equipe para debater as denúncias na tarde desta terça-feira.
- É preciso apurar isso, e rapidamente. Entendo que se há uma pessoa dentro da instituição facilitando ou estimulando o uso de drogas, essa pessoa precisa ser afastada do ambiente - ressalta Adriana.
As denúncias chegaram ao MP por meio de pessoas prejudicadas pelo descontrole. Homens e mulheres que tentam se livrar do vício relatam a dificuldade de convivência com outros pacientes que abusam das drogas em pleno tratamento na instituição. O problema atinge gente acolhida para desintoxicação ou participantes de atividades terapêuticas. Outras pessoas sem relação com o Caps também usariam o pátio ou os fundos do prédio para fumar crack.
Em entrevista à reportagem, a coordenadora da Saúde Mental de Caxias, Vanice Fontanella, garantiu que o consumo de entorpecentes ocorre apenas no lado de fora do Caps. Segundo ela, os funcionários são orientados a identificar e impedir a drogadição dentro do prédio.
O Caps Reviver tem 8 mil pacientes do SUS com prontuários ativos. Nem todos os cadastrados buscam o atendimento regularmente, mas a instituição fornece leitos para desintoxicação, alimentação, atividades terapêuticas e atendimento de psicólogos. É um serviço estendido a familiares dos pacientes.
Como se trata de SUS, a filosofia é manter as portas abertas. Na prática, um paciente não tem restrição para entrar ou sair desde que não traga drogas. Além disso, o Caps atende em um terreno que compartilha a vizinhança com duas casas de acolhimento de moradores de ruas. Os portões são fechados apenas aos finais de semana e feriados.
Outra modalidade de atendimento é a chamada redução de danos. Essa política, adotada em diversos países, incentiva o viciado a trocar a droga mais pesada por outra mais leve, ou ainda, reduzir as doses. Com isso, a tendência é de que o dependente químico abandone o uso de crack e outras substâncias.
Tratamento desvirtuado
Prefeitura de Caxias tem um mês para relatar como vai barrar crack no Caps
Ministério Público também solicitou medidas para apurar quem facilita a entrada de drogas
Adriano Duarte
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