Entre as cinco estações do corredor de ônibus da Avenida Sertório, na Zona Norte de Porto Alegre, o que mais circula é o abandono. A precariedade da via que atende diariamente 41.917 passageiros das linhas urbanas foi constatada pelo Diário Gaúcho.
O que se vê são rastros de vandalismo e de lixo nos 7km do corredor exclusivo. Em agosto do ano passado, depois de uma reportagem do DG, a EPTC havia prometido melhorias. Porém, nada mudou.
Inauguradas em julho de 2000, junto com o novo Terminal Parobé, as únicas paradas de ônibus elevadas da Capital já não têm sequer os nomes que as identificam.
Sumiram também as faixas amarelas responsáveis por manter os passageiros distantes das bordas das estações.
Primeira parada
Logo na primeira estação, a Pernambuco, o lixo acumula-se próximo ao banheiro interditado. Gradis destruídos, pedras de granito soltas e falta de calha em ambos os sentidos completam o cenário de abandono.
A casa de bilhetagem - construção existente em todas as estações e que jamais foi utilizada -, segue como moradia de andarilhos.
Moradora de Sapucaia do Sul, a divulgadora Débora Osório, 24 anos, usa a parada diariamente para ir ao trabalho, na Zona Norte, e reclama da falta de manutenção.
- Este corredor é a cara do esquecimento do poder público - sentencia.
Segunda parada
Augusto Severo virou moradia - FOTOS MATEUS BRUXEL
Na Augusto Severo, um colchão, dois cobertores, camisinhas usadas e um par de tênis deixados ao lado da casa de bilhetagem comprovam que a parada tornou-se moradia. A promessa da EPTC, na reportagem anterior, era de fechar o banheiro arrombado. Porém, o lugar segue aberto e sendo usado, principalmente, por usuários de drogas. Quem utiliza a parada teme os assaltos.
- Não fico sozinha na estação. Fico na calçada e só vou para a parada se tiver mais alguém, porque ocorrem assaltos. Eles (assaltantes) roubam mesmo - contou uma passageira que preferiu não se identificar.
Terceira e quarta paradas
Sujeira na Santa Catarina
Os dois cadeados arrombados da porta de ferro do antigo banheiro da estação Santa Catarina expõem o abandono do local. Os mais apertados usam a estrutura da bilhetagem para aliviar a bexiga.
Na Várzea, apesar de o banheiro seguir interditado, a situação também se repete no que deveria ser a entrada da estação.
Quinta parada
Gradis arrancados na Vila Porto
Acostumada a todos os dias utilizar a estação Via Porto, a doméstica Setembrina Severo, 63 anos, testemunhou uma passageira mais idosa cair logo depois da passagem de uma das linhas. Faltavam as faixas amarelas na borda da estação.
- O ônibus passou muito rápido e ela estava muito na beirada. Antigamente, tinha gradil também, mas eles foram sendo arrancados aos poucos em todas as estações - contou.
A usuária ressalta a falta de calhas no telhado. Em dias chuvosos, os passageiros acabam se molhando.
Estudo em andamento
Por meio de nota, a assessoria de imprensa da EPTC informou que "tem conhecimento das situações apontadas pela reportagem do Diário Gaúcho. Os locais, infelizmente, sofrem seguidos atos de vandalismo, o que ocasiona em dificuldade de manutenção".
A EPTC ressalta que realiza um projeto para revitalização das paradas. A expectativa é de que em breve o estudo esteja concluído. A partir disso, equipes vão realizar os trabalhos nas estações.