
A entrevista do governador José Ivo Sartori ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, na manhã desta sexta-feira, foi marcada por contradições. Tratando das medidas financeiras do Estado, Sartori negou uma informação dada por seu próprio secretário da Fazenda, Giovani Feltes, de que o governo usou cerca de R$ 300 milhões em depósitos judiciais para saldar dívidas.
Opinião ZH: "Transparência pela metade"
O governador foi confrontado sobre as críticas que fazia ao então governador Tarso Genro sobre o uso dos depósitos para pagar salários e a dívida e o fato de ter se utilizado desse mesmo artifício nos primeiros meses de mandato. Sartori não confirmou:
Rosane de Oliveira: O senhor sempre foi um crítico do uso dos depósitos judiciais, dos empréstimos, do seu antecessor, mas seu governo, para pagar salários e a dívida nos primeiros meses, teve que usar parte dos depósitos.
José Ivo Sartori: Eu não teria tanta certeza assim de que os depósitos judiciais foram usados nesse período.
Rosane: O seu secretário confirmou, governador.
Sartori: Ainda assim, eu não seria tão enfático nessa realidade.
Rosane: Nós recebemos a confirmação dele de que foi usado para pagar a dívida.
Sartori: Essa questão que fica a tua palavra contra a nossa.
Rosane: Mas é a palavra do seu secretário, governador.
Sartori: São detalhes que não ajudam o conjunto. O que é certo é que ou nós fazemos um pacto de unidade no RS e trabalhamos todos juntos para construir uma nova realidade. Porque, com humildade e com serenidade, nós precisamos de todos.
Rosane de Oliveira: Sartori precisa ir além dos cortes
Secretarias do governo estadual não detalham cortes de Sartori
Depois do programa, a assessoria de imprensa do Piratini enviou uma nota de esclarecimento confirmando a informação de Giovani Feltes de que os depósitos foram usados. Sartori teria entendido que a pergunta "tratava sobre destinação para pagar folha de pessoal, o que realmente não ocorreu".
- Os R$ 300 milhões de depósitos judiciais realmente foram usados, mas para pagamento da dívida com a União. Portanto, (o governador) esclarece eventual mal-entendido e confirma a informação do secretário Giovani Feltes - diz a nota.
Com os primeiros meses de governo focados em medidas para cortar gastos e amenizar a crise financeira do Rio Grande do Sul, o governador argumentou que a economia gaúcha vai bem - a necessidade é de "equilibrar as finanças".
Ouça o áudio:
Nesta semana, o Estado poderá pedir ajuda ao Planalto com a crise. O governador, que se encontrará com a presidente Dilma Rousseff nesta sexta-feira, disse que está "fazendo esforço" para que isso ocorra e já "fez a sua parte", apresentando as contas.
- Isso (o pedido de ajuda) a gente não força a barra. (...) Se tiver oportunidade, vamos avançar o sinal - projetou.
José Ivo Sartori defendeu os cortes nas finanças, que devem chegar a R$ 600 milhões, segundo ele. Mas se alterou após tentar se esquivar das questões sobre a diminuição dos serviços de segurança, consequência do fim das horas extras dos policiais determinado pelo Piratini:
- Não houve em nenhum momento diminuição dos serviços de segurança.
- Mas isso não é que o diz o comandante da Brigada, governador - argumentou o apresentador Daniel Scola.
- Aí, meu filho, eu não vou discutir publicamente algumas questões - encerrou.
Sartori também não quis adiantar se haverá atraso no pagamento dos servidores públicos, que deveriam receber na próxima semana:
- Até a semana que vem tem muito tempo - disse.
* Zero Hora