Em pronunciamento em cadeia nacional de TV e rádio, a presidente Dilma Rousseff falou por 15 minutos à população brasileira na noite deste domingo. A manifestação, iniciada às 20h40min, aconteceu em momento de crise política, apenas dois dias depois da revelação de uma lista de 50 políticos, sendo 48 deles de partidos aliados do governo, que serão investigados por suposto recebimento de propina do esquema que desviava dinheiro da Petrobras.
Em capitais do país, protesto contra manifestação de Dilma Rousseff
Veja a íntegra do pronunciamento
No discurso, gravado na última quinta-feira no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República, Dilma manteve o foco em explicar o ajuste fiscal que adotou para equilibrar as contas do país - aumento de impostos, gasolina e energia elétrica, revisão de benefícios trabalhistas e cortes orçamentários. Ela também destacou o Dia Internacional da Mulher, celebrado sempre no dia 8 de março. Para marcar a data, ela anunciou que irá sancionar nesta segunda-feira a lei que tipifica o feminicídio como crime hediondo, em casos de violência doméstica e crimes de gênero.
Sobre a crise ética que atinge o governo e o Congresso, com o caso de corrupção na Petrobras, falou brevemente no final do pronunciamento.
Em duas frases, a presidente disse que irá "aplicar duramente a mão da Justiça contra os corruptos. É isso que vem ocorrendo nos episódios lamentáveis na Petrobras".
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No campo econômico, Dilma pediu que as pessoas lhe ouvissem para compreender melhor a situação atual.
- Os noticiários são úteis, mas nem sempre são suficientes. Muitas vezes nos confundem mais do que esclarecem. As conversas em casa e no trabalho precisam ser completadas por dados que nem sempre estao à dispiosição. Por isso peço que me ouçam - afirmou.
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Depois, a presidente passou a explicar as medidas, que renderam muitas críticas ao governo e ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
- Vamos começar pelo mais importante: o Brasil passa por um momento diferente do que vivemos nos últimos anos, mas nem de longe vive uma crise como dizem alguns. Passamos por problemas conjunturais, muito diferentes das crises do passado que quebravam e paralisavam o país. As dificuldades que existem e as medidas que estamos tomando não irão comprometer suas conquistas, tampouco vão fazer o Brasil parar. A questao central é a seguinte: estamos na segunda etapa do combate à mais grave crise internacional desde a grande crise de 29. Estamos tendo de usar armas diferentes e mais duras - disse Dilma, que ressaltou o fato de problemas econômicos terem se agravado no mundo logo no momento em que o Brasil vive "a maior seca da história no Sudeste e Nordeste".
Ela ainda pediu "paciência e compreensão porque a situação é passageira". Convocou os país a se unir para enfrentar os problemas e disse que espera reação da economia no final do segundo semestre deste ano.
No final, Dilma disse que "não irá trair compromissos com os trabalhadores e com a classe média".
Vídeo mostra panelaço de protesto contra Dilma em Porto Alegre:
Em diversas cidades do Brasil, foram registradas manifestações de protesto contra Dilma durante o pronunciamento. Em Brasília, houve panelaço e buzinaço nas ruas e nas janelas de prédios. O mesmo foi registrado em São Paulo, incluindo pessoas que acendiam e apagavam as luzes das casas. Nas duas cidades, vídeos amadores captaram muito ruído das manifestações. Também puderam ser ouvidos alguns gritos de "Fora Dilma". O mesmo ocorreu no Rio de Janeiro.
Em Porto Alegre, no bairro Bela Vista, também foi registrado panelaço em protesto contra a manifestação da presidente.