A reação à tragédia que deixou 51 mortos e outras oito feridos no sábado deve começar nos próximos dias com cinco ações emergenciais de manutenção da SC-418 e duas propostas que serão discutidas com empresários, políticos e a comunidade de Joinville a partir da próxima semana.
O Departamento de Infraestrutura (Deinfra) anunciou ontem que os pontos mais perigosos da Serra Dona Francisca, entre Pirabeiraba e Campo Alegre, devem passar por uma manutenção que envolve cinco pontos: sinalização horizontal e vertical, iluminação, drenagem, corte da vegetação e reforma dos guardrails.
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Também serão discutidas medidas mais profundas para dar segurança aos motoristas, como a instalação de áreas de escape, como as que já existem na BR-376 (Serra de Curitiba), e a proibição do transporte de cargas perigosas, esta com um estudo mais adiantado e já proposta pela Polícia Militar Rodoviária (PMRv) e pelos técnicos da Secretaria de Meio Ambiente de Joinville.
Aproveitando o anúncio da conclusão do projeto para a duplicação da Dona Francisca no trecho entre a BR-101 e o trevo da empresa Schulz (leia mais na coluna Livre Mercado, na página 17), o diretor do Deinfra em Joinville, Ademir Machado, passou boa parte do dia ontem em Florianópolis para acertar os pontos que serão atacados para garantir mais segurança no trecho, para o qual não há grandes obras previstas - exatamente o mais perigoso, onde há as curvas da serra.
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Na próxima semana, a Associação Empresarial de Joinville (Acij) vai receber os técnicos do Deinfra e a equipe da empresa Sotepa, contratada para fazer o projeto da obra de duplicação do trecho da Dona Francisca que engloba o Distrito Industrial. No encontro, além dos pontos do projeto, que é uma antiga reivindicação dos empresários de Joinville, o órgão também vai discutir melhorias possíveis para os outros dois trechos da estrada: o da serra e o chamado "alto da serra", que vai do fim do trecho sinuoso da rodovia até São Bento do Sul.
- Vamos atacar primeiro os três pontos mais perigosos da serra, as curvas mais acentuadas. Uma equipe já está começando a limpeza e a roçada - disse ontem o diretor do Deinfra em Joinville.
É a segunda operação emergencial em pouco mais de um ano. No começo de 2014, um grupo levou em torno de dez dias para concluir uma manutenção completa no trecho de pouco mais de sete quilômetros.
Raimundo Colombo: governo conhece pontos críticos
A resposta do governo do Estado à insegurança na estrada é também um pedido do governador Raimundo Colombo. Em passagem por Joinville na manhã de segunda-feira para cumprir agenda com empresários da cidade, o governador informou que o Estado conhece em profundidade os pontos mais críticos da SC-418, a rodovia da Serra Dona Francisca.
Além dos pontos mais perigosos, especialmente as curvas acentuadas, também há um levantamento dos locais onde ocorrem mais acidentes, desde a praia da Enseada, em São Francisco do Sul, passando pelo Itinga, em Araquari e Joinville, até o alto da serra. O estudo não é novo, mas tem baseado uma série de medidas, inclusive os pedidos de duplicação da rodovia.
CDL cobra empenho da classe política
Além da Acij, a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) também se manifestou ontem. O presidente da entidade, Luiz Kunde, que assume oficialmente na semana que vem, convocou nominalmente todos os deputados eleitos por Joinville e região o governo do Estado para "assumirem o compromisso de adotar as providências técnicas pertinentes para acabar com o perigo que ronda a SC-418 no trecho de Joinville".
O comunicado da entidade também faz um apelo para que as tragédias como a registrada no último sábado sejam interrompidas.
- Os acidentes sempre acontecem nos mesmos três pontos. São mortes desnecessárias, pois existem soluções técnicas, tais como a criação de calhas de escape com brita para desaceleração, entre outras providências possíveis e ao nosso alcance - diz a nota.