Foi preciso a ajuda de uma colega durante três dias seguidos para que Zena Baja, 14 anos, conseguisse ser aprovada na recuperação final de matemática da 8ª série de uma escola particular de Canoas. A menina conta que, ao longo do último ano, foi deixando as notas baixas se acumularem por achar que iria resolver a situação facilmente:
- Eu não prestava muita atenção na aula, me distraia com outras coisas. Acreditei que era só estudar um pouquinho. Levei um susto. E dei um susto nos meus pais.
A despreocupação com as notas ao longo do ano é um comportamento comum entre os jovens, diz a psicanalista Katia Radke:
- Esse excesso de otimismo pode ser outra face de problemas ligados à baixa autoestima ou à dificuldade de lidar com as adversidades.
No caso de Zena, a atitude se somou a uma dificuldade de aprendizado, que até então não havia se manifestado. No final do ano, ela decidiu estudar muito para as provas finais, mas não alcançou as médias.
Conforme a psicoterapeuta infantil Tatiana Prade Hemesath, a solução para casos como esse pode estar em um trabalho conjunto da escola com a família:
- A escola é capaz de auxiliar na orientação aos pais e direcionar que tipo de abordagem merece ser feita. Exames realizados por psicólogos podem demonstrar se a criança apresenta algum prejuízo cognitivo que justifique a dificuldade. Se isso for descartado, uma avaliação psicológica pode ser feita, buscando investigar se a criança possui algum problema de origem emocional.