Apesar da garantia do governo estadual de que o serviço aeromédico seria mantido, na prática, a população está parcialmente desassistida. O socorro aéreo próprio do Estado irá completar no sábado - dia com previsão de maior fluxo de veículos rumo ao litoral para o feriadão de Carnaval - uma semana inativo. Se forem necessárias, missões de resgate e salvamento terão de ser feitas pela Brigada Militar (BM), sem o suporte de profissionais da saúde, ou por empresa terceirizada.
A equipe de 15 médicos e enfermeiros, que trabalhava havia cinco meses sem receber, não realiza plantões desde sábado. Segundo o coordenador Maicon Vargas, a decisão foi motivada pelos "sucessivos boicotes" da Central de Regulação, que não estaria repassando chamados ao grupo sob a alegação de que o convênio teria sido desativado. Enquanto se mantém o impasse, uma das duas aeronaves compradas pelo governo Tarso Genro, ao custo de R$ 26 milhões, especificamente para o serviço está desde terça-feira parada no hangar da BM no Salgado Filho.
Nesta quinta-feira, o prefeito de Imbé, Pierre Emerim, enviou notificação à Secretaria Estadual da Saúde (SES) sobre a paralisação do grupo, também motivada pela falta de pagamento - a verba do Samu não teria sido repassada pelo Estado -, e disse que "ninguém é obrigado a trabalhar se não recebe". Emerim cobrou ainda uma posição oficial do secretário João Gabbardo quanto a continuidade ou não do convênio para o atendimento.
Na quarta-feira, Gabbardo afirmou que a parceria envolvendo Imbé é irregular e que, por esta razão, não será mantida no futuro. O secretário também levantou suspeitas sobre o que classificou de "quarteirização" do serviço. A prefeitura recebe R$ 156 mil do Estado e repassa a verba à Associação dos Municípios do Litoral Norte (Amlinorte), que, por sua vez, contrata a Futura - organização sem fins lucrativos - que, por fim, paga os profissionais da equipe. O prefeito rechaçou as suspeitas e disse que o consórcio é a forma mais barata que os municípios encontraram para contratar serviços e recursos humanos.
- Entendemos que o convênio é regular. Espero que a população não saia no prejuízo e que o atendimento seja mantido, independentemente do formato. Para nós, é indiferente, pois a cidade não tem lucro - disse Emerim.
Procurada, a Secretaria da Saúde não respondeu aos questionamentos enviados por e-mail e limitou-se a informar que a pasta ainda não havia recebido a notificação da prefeitura de Imbé.
Serviço em queda livre
No dia 28 de janeiro, o secretário estadual da Saúde, João Gabbardo, afirma a ZH que o serviço aeromédico é "totalmente dispensável" e seria desativado.
A repercussão negativa da notícia faz o governo recuar da decisão. No dia 30, o secretário diz que o atendimento seria mantido, mas com outra equipe formada por servidores do quadro do Estado.
A equipe do socorro aéreo reclama que, a partir da semana subsequente às declarações do secretário, Central de Regulação teria iniciado um "boicote" ao serviço. Mesmo com os profissionais a postos, os chamados estariam sendo repassados para terceirizadas.
Sábado, dia 7, o grupo, que há cinco meses trabalhava sem receber devido a atrasos em repasses do Estado, é avisado pela Central de Regulação que o serviço estaria desativado e paralisa os plantões.
Na terça-feira, a demora na transferência para a Capital de uma criança que caiu do terceiro andar de um hotel em Capão da Canoa, expôs o impasse. O socorro ao menino de três anos só ocorreu por insistência da médica plantonista e levou o dobro do tempo habitual.
Na quinta-feira, o secretário afirma que o convênio é "irregular" e que aguarda manifestação do Ministério Público e do Tribunal de Contas do Estado para romper o contrato.