Cristian, 10 anos, organiza os livros didáticos. Zena, 14, escolhe os cadernos para cada matéria. Sofia, 16, elege a mochila que vai lhe acompanhar. A ansiedade e o cuidado ao realizarem essas atividades é justificável e partilhada por milhares de estudantes de escolas públicas e privadas no Estado, que estão iniciando um novo ano letivo.
Os três não se conhecem, mas compartilham o compromisso de mais estudo, responsabilidade e dedicação - consequência da experiência de quase terem sido reprovados em 2014. Meses depois de passarem raspando no colégio, eles apostam em novas estratégias para não ficar em recuperação, situação limite que os tirou alguns dias de férias - e muitas noites de sono.
O sufoco dos três - e de seus pais - é comum a muitas famílias, seja por dificuldade no aprendizado, pela falta de interesse ou até por problemas externos à escola. Os motivos afetam crianças e adolescentes de diferentes idades, diz a psicanalista Katia Radke, membro da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA). Para ela, a atenção dos pais ao longo de todo o ano é vital:
- É importante destacar que problemas no aprendizado podem ser um alerta para os pais de uma dificuldade emocional que fica mascarada no dia a dia. Os pais devem tentar decifrar o que aquelas notas baixas representam, se são uma dificuldade cognitiva ou se escondem questões psicológicas.
Aos primeiros sinais de problemas no aprendizado, a atenção também deve ser redobrada entre os professores e profissionais da educação, defende a assessora pedagógica e de legislação educacional do Sindicato do Ensino Privado (Sinepe/RS), Naime Pigatto:
- Através de conversas informais ou estudo de algum texto que tenha relação direta com o cotidiano do aluno, é possível identificar que algo não vai bem. É sempre importante que o professor converse com o aluno e questione de que maneira é possível ajudá-lo.
Apoio da família é fundamental
Para Cristian, Zena e Sofia, depois de muitas conversas e reflexões, o objetivo é manter um bom desempenho em cada trimestre, evitando que o peso de todo o ano recaia na prova de recuperação final. E os pais, soldados fiéis nessa batalha pelo boletim satisfatório, não devem poupar esforços para acompanhá-los em cada etapa.
- Muitos alunos, mesmo estudando, acabam pegando recuperação. Isso não deve ser encarado como um drama pelos pais - alerta Naime. - Cada um tem seu tempo de aprender, e os pais devem entender que a recuperação é um novo momento para o aluno apresentar seus conhecimentos. O apoio familiar deve ser ainda maior.
Leia também: