Três dias depois de sancionar o aumento do próprio salário e de ser alvo de uma enxurrada de críticas, o governador José Ivo Sartori (PMDB) voltou atrás e decidiu abrir mão do reajuste.
A medida se estende à remuneração do vice-governador José Paulo Cairoli (PSD), mas segue valendo para secretários, deputados e membros do Judiciário, do Ministério Público, do Tribunal de Contas do Estado e da Defensoria Pública.
Na última sexta-feira, quando chancelou a proposta - aprovada em dezembro na Assembleia -, chegou a dizer que "pagaria o preço que tivesse de pagar" pela posição. Criticado nas redes sociais e na mídia, deu uma declaração confusa, afirmando que seria "oportunista" e "demagogo" se impedisse o aumento.
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Nesta segunda-feira, no Palácio Piratini, o discurso mudou. Ao lado de Cairoli, o governador convocou a imprensa para anunciar o recuo. Reconheceu ter ficado "muito em dúvida" sobre o caso e disse, sem entrar em detalhes, que a opinião de pessoas de seu convívio pesou na reviravolta.
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No caso do contracheque dele, a correção chegaria a 46%, com o vencimento mensal passando de R$ 17,3 mil para R$ 25,3 mil. No caso de Cairoli, a 64,22%, de R$ 11,5 mil para R$ 18,9 mil.
- Quero deixar bem claro que não tenho receio de rever posições e muito menos de tomar atitudes que reconheçam essa situação. Sou uma pessoa como qualquer outra. Acho que quem mais erra é quem às vezes não tem humildade de eventualmente voltar atrás - declarou.
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Diante dos jornalistas, Sartori também disse acreditar ter ouvido "a voz dos gaúchos" - e não falou mais em demagogia. Destacou que a definição resultou de uma decisão pessoal dele e de Cairoli e fez questão de frisar que não interfere nos demais poderes.
- Estamos formalmente abrindo mão e devolvendo o reajuste salarial. Já assinamos o documento por prazo indeterminado para não suscitar nenhuma especulação - ressaltou.