Seis detentos do Presídio Central de Porto Alegre identificados em um vídeo que mostrava presos do Pavilhão B usando cocaína em uma festa de Natal serão transferidos na tarde desta sexta-feira. A Vara de Execuções Criminais (VEC) autorizou que eles sejam levados para a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc).
Os seis já estavam cumprindo sanção de isolamento e agora serão removidos. Conforme o major Guatemi de Souza Echart, diretor interino do presídio, até o momento, só foi possível identificar esses seis detentos. O vídeo (abaixo), revelado pelo jornal Diário Gaúcho, mostrava uma fila de presos esperando para usar cocaína no que seria uma espécie de comemoração dentro da cadeia.
O major explicou que mais detalhes do episódio e também a identificação de quem foi o responsável por distribuir a droga na galeria serão apurados em um Inquérito-policial Militar (IPM). A transferência dos detentos será feita pela Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe).
Churrascada prévia: "Preso não come carne crua"
A farra do pó mostrada no vídeo teria sido antecedida por uma churrascada entre os reclusos, conforme informações obtidas pela reportagem do Diário Gaúcho. A informação não foi confirmada pela direção do Central, que, no entanto, não descarta a possibilidade e trata como normal a realização de churrascos no interior das galerias.
- Os presos compram carne mesmo para comer, é um dos materiais vendidos na cantina do Central, e assam mesmo. Preso não come carne crua. Não deixaram de ser gente por estarem presos. Essa "festa" toda que estão noticiando é fantasiosa, dizer que teve uma "grande churrascada" - disse o major.
Em 2013, uma reportagem do Diário Gaúcho revelou um esquema de cantinas piratas dentro do Presídio Central. O mercado oficial vende desde refrigerante até produtos básicos, como os de higiene. Mas a atividade já foi engolida pelo sistema dominado pelas facções.
Os presos comuns não vão à cantina central. Quem vai lá são os "cantineiros", designados pela facção para fazer todas as compras da galeria. Depois, os produtos ficam nas chamadas subcantinas, dentro das galerias, e são vendidos com preços bem mais altos.
Secretário garante que novos presídios não terão cantinas
Facções estão no comando
Devido à superlotação crônica do Presídio Central, as celas ficam abertas em tempo integral. Isso permite aos presos circularem livremente pelo interior das galerias, nas quais a guarda não entra.
Para que a ordem seja mantida, os detentos se organizam com as chamadas prefeituras (grupos de presos ou líderes de facções que representam e controlam as galerias, com o reconhecimento da administração e do Judiciário). Cada prefeitura tem cerca de 30 presos, que dividem funções (são os chamados embolados).
No Presídio Central, atualmente, há oito galerias ocupadas por facções ou grupos organizados: Os Abertos ocupam a 1ª galeria do pavilhão B e a 2ª galeria do pavilhão D. Os Manos vivem na 2ª e na 3ª galerias do Pavilhão B. Os bala na Cara ficam na 3ª do F. A turma da Conceição responde pela 2ª do A e, a da Vila Farrapos, pela 1ª e pela 3ª do D.