Mesmo em férias no Uruguai, de onde retorna no final da tarde desta sexta-feira, o ex-governador Tarso Genro usou a sua conta no Twitter para dar mais uma alfinetada no seu sucessor no Palácio Piratini, o peemedebista José Ivo Sartori.
Depois de ter criticado, dias atrás, o decreto de Sartori que determinou contenção de gastos e suspensão do pagamento de dívidas herdadas por 180 dias, Tarso voltou seu discurso nesta sexta-feira contra o aumento de salários para o governador, vice, secretários e deputados, além dos altos membros do Judiciário, do Ministério Público, do Tribunal de Contas e da Defensoria Pública. Os reajustes, aprovados em 2014 na Assembleia pelas bancadas de situação e oposição, foram sancionados nesta sexta-feira por Sartori.
- Não aumentei o salário do governador nem dos secretários. Aumentei a cobrança da dívida pública e pagamos o dobro dos precatórios herdados - postou Tarso, que tem usado a sua conta desde que deixou o Piratini para teorizar sobre soluções para a crise econômica mundial, criticar a imprensa e os adversários políticos.
A sanção de Sartori aos aumentos gerou reações inconformadas por ter ocorrido em um momento em que o Piratini anuncia cortes de gastos para conter a crise financeira do Estado. Uma consultoria apontou que o rombo nas contas do governo estadual hoje é de R$ 7,1 bilhões.
Tarso também contestou que tenha deixado essa dívida, fazendo críticas a Zero Hora, que publicou informações a respeito do passivo na edição desta sexta-feira.
- O uso da expressão rombo é farsa. Quer induzir que entregamos o Estado numa situação pior do que recebemos. O que é uma mentira deslavada - publicou Tarso, que sacou mais de R$ 5 bilhões da conta dos depósitos judiciais durante a sua gestão para cobrir despesas não comportadas pelo orçamento.
A bancada do PT na Assembleia também se reuniu ao meio-dia desta sexta-feira, com a presença de três ex-secretários do governo Tarso, para debater a situação. Foi publicada uma nota em que os parlamentares rejeitam a possibilidade de Tarso ter entregue o Estado endividado.
- Depois de vários governos, somos os primeiros a não deixar nenhuma conta em atraso - disse Odir Tonollier, ex-secretário da Fazenda, um dos presentes no debate dos deputados petistas.
Para eles, a intenção de Sartori ao divulgados os dados financeiros é "tentar construir um clima de caos".
* Zero Hora