Entrada de drogas e uso de celular por detentos não é exclusividade das cadeias brasileiras, mas ocorre em proporções menores em países como a Inglaterra e os Estados Unidos devido à maior vigilância interna nas prisões. É o que explica o juiz da Vara de Execuções Criminais de Penas e Medidas Alternativas da Capital Luciano André Losekann.
- Todos os visitantes são submetidos ao scanner, e os agentes penitenciários são revistados diariamente - exemplifica, relembrando visita feita em 2010 a um presídio na Inglaterra.
O descontrole nas cadeias do Estado
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O juiz, que já liderou mutirões carcerários do Conselho Nacional de Justiça, comenta que alguns presídios dos Estados Unidos realizam até exames de sangue nos visitantes: se for detectado uso recente de drogas, por exemplo, a pessoa é barrada automaticamente.
Outra diferença apontada por Losekann envolve a entrada de visitantes nas celas onde estão os detentos, o que ocorre rotineiramente no Brasil. Em outros países, há parlatórios e salas específicas para visitas íntimas, onde elas são permitidas. Antes de retornar à cela, o preso é revistado por agentes.
Secretário-geral da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Estado e doutor em Direito Penal pela Universidade de Sevilha, Ricardo Breier teve contato com o sistema prisional espanhol e ressalta dois fatores: maior vigilância e penas mais severas a agentes corruptos:
- O Estado está mais presente na fiscalização, mantendo o controle interno das cadeias, enquanto no Brasil as facções criminosas tomam conta.
Algumas prisões espanholas, de acordo com Breier, têm como diferencial o monitoramento ininterrupto por câmeras. Assim, se há qualquer suspeita, os presos são revistados.