A nova diretoria do Sindicato dos Rodoviários de Porto Alegre foi definida na noite desta segunda-feira. Com 596 votos (40,99% dos 1.454 válidos), a chapa 1 - Força Rodoviária - se elegeu e terá como presidente Adair da Silva. Em segundo lugar ficou a chapa 4 - Rodoviários na Luta -, de Alceu da Silva Weber, um dos principais líderes de uma greve que paralisou o transporte público da Capital no começo deste ano.
A diferença não passou de 30 votos. Os 1.478 eleitores correspondem a 1.185 (71,86% dos 1.649 rodoviários e aposentados ativos aptos a votar), acrescidos de 297 aposentados inativos. Adair da Silva representará mais de 10 mil funcionários de 13 empresas de transporte coletivo de Porto Alegre. Apesar do histórico de brigas e fraudes da agremiação, a contagem dos votos transcorreu normalmente na sede do Ministério Público do Trabalho.
Segundo o vencedor do pleito, não é hora de falar em outra greve, mesmo com a proximidade da negociação do dissídio entre patrões e empregados. Adair chamou Weber para o diálogo e espera um sindicato unido para cobrar aumento de salário em dezembro:
- Não estamos pensando em greve porque não começamos a negociar. Não vamos botar a carreta na frente dos bois. O sindicato é o mentor, e quem decide é toda a categoria. Eu sou do diálogo, por que eles (oposição) não podem sentar à mesa comigo? Vamos nos unir para conseguir o bem dos rodoviários.
Presidente eleito apoiou greve em janeiro
Apesar de não ter sido um dos linhas de frente da paralisação geral dos ônibus em janeiro, Adair da Silva apoiou o movimento de Alceu Weber. Ele entende que a categoria perdeu coisas importantes na queda de braço com os empresários. Porém, assegura que é cedo para falar em novas reivindicações. Weber não adiantou se estará junto com o grupo de Adair.
- A preocupação máxima foi em retirar nossa força, talvez pelo ledo engano de que podíamos disparar na votação. Mas foi bonito, temos de reforçar o lado positivo. Nos receberam muito bem em todas as garagens - disse Weber, que continuará fazendo oposição interna.
Em janeiro de 2014, a categoria, liderada por ele, fez uma greve que se estendeu por 15 dias e expôs, de forma mais clara, uma divisão antiga da classe na Capital. A decisão em favor da eleição teve origem em sentença do desembargador Francisco Rossal de Araújo, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 4ª Região.
O magistrado declarou nulo o pleito de 2011 da categoria porque três integrantes da chapa vencedora - então encabeçada por Itibiribá Acosta, que buscava a reeleição - estavam inelegíveis. Também foram observadas outras fraudes, como o registro de votos de mortos. Com o impasse, a direção anterior foi mantida no poder. A presidência ficou com Júlio "Bala" Gamaliel, vice de Acosta. A situação gerou uma série de ações judiciais.