Depois de surpreender a família anunciando que queria cortar o cabelo para fazer uma peruca, Isabella Ilaria Lopes Schumann, 11 anos, devolveu na sexta-feira a vaidade à menina que passará a viver com suas madeixas. Internada no Hospital São Lucas da Puc, na Capital, devido a um câncer no pulmão, Sabrina da Silva e Silva, 14 anos, perdeu os cabelos há dois anos devido aos efeitos da quimioterapia.
Na manhã de sexta, sentiu novamente os fios batendo nos ombros e no rosto. Contente, ainda ganhou seu primeiro estojo de maquiagem, com sombras, pó e blush. Tudo para recuperar a autoconfiança que se perdeu durante o tratamento.
- Não vão mais me olhar como antes, com um olhar diferente. Agora, é tudo novo. Ela mudou minha vida - disse a menina, que mora em Mata, no Centro do Estado, a 315km de Porto Alegre.
Fios do mesmo tom
Isabella, que nasceu com doenças crônicas no coração e no intestino, trata-se no mesmo hospital que Sabrina. Sua bela atitude foi tema de uma reportagem do Diário Gaúcho de 22 de maio.
Foi a pedagoga Juliana Pierdoná, que acompanha Isabella desde que nasceu e trabalha no São Lucas, que mostrou as mechas e propôs a Sabrina a implantação da peruca. Sabrina aprovou a ideia na mesma hora.
A partir daí, com as medidas da cabeça de Sabrina, o salão de beleza Visualité, em parceria com a ONG Um Pequeno Desejo, montou a peruca. Na sexta, o cabeleireiro Angelo Macedo encaixou a peruca em Sabrina e ainda fez chapinha nos fios.
Tudo acompanhado pela vibrante Isabella, que estava ansiosa para ver Sabrina com seu cabelo.
- Fiquei muito emocionada! Adorei que ela gostou - disse Isabella.
Foto: Luiz Armando Vaz/Agência RBS
"Brilho nos olhos já diz tudo"
- Era só o que ela falava nos últimos dias. Agora, eu nem tenho o que dizer - conta a mãe de Sabrina, Maria da Silva e Silva, 42 anos, emocionada.
Ela lembra que a filha sempre foi cuidadosa com os cabelos. Quando começou a ficar careca, passou a não sair mais de casa, intimidada pelos olhares alheios.
Agora, a própria Sabrina garante que tudo vai mudar. Para a pedagoga Juliana, o novo visual deve refletir no avanço do tratamento.
- Só esta autoestima elevada já ajuda muito na aceitação. De uma certa forma, eles se sentem rejeitados ao ver que as pessoas os olham de maneira diferente. Este brilho nos olhos já diz tudo.