A reunião no Ministério da Justiça, em Brasília, para mediar os conflitos agrários entre indígenas e agricultores gaúchos começou com uma hora e meia de atraso, discurso pouco afeito ao acordo e desfalques na representação dos índios, em especial de Faxinalzinho, atual epicentro da disputa no Rio Grande do Sul.
Os produtores não aceitam deixar suas terras, adquiridas há décadas, enquanto os indígenas exigem a saída dos brancos das áreas demarcadas, mediante pagamento das indenizações.
- O Estado brasileiro tem tido dificuldade de equacionar a questão, pois há direitos legítimos dos dois lados. A razão é óbvia, normalmente as decisões são encaminhadas à Justiça e a situação se arrasta por décadas - disse o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, na abertura do encontro.
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A reunião discute a situação de cinco locais em conflito no Estado. Contudo, só estão na reunião caciques de três áreas: Mato Preto (Erebango, Erechim, Getúlio Vargas), Passo Grande do Rio Forquilha (Cacique Doble e Sananduva) e Irapuá (Caçapava do Sul). Não compareceram os caciques de Votouro-Kandoia (Faxinalzinho) e Rio dos Índios (Vicente Dutra).
Também participam entidades que representam agricultores familiares e alguns produtores com terras nas áreas em disputa, de municípios como Getúlio Vargas, Sananduva, Faxinalzinho e Caçapava do Sul. Funai, Secretaria-Geral da Presidência e Secretaria de Desenvolvimento Rural do Estado também estão presentes.
Na negociação, os agricultores pretendem permanecer em seus lotes e defendem que sejam compradas terras em outros locais para colocar os indígenas.
- Temos o título das propriedades, não pensamos em sair dos terrenos que nossos antepassados chegaram e compraram há um século - afirma o agricultor Ido Marcon, dono de uma área de 40 hectares em Faxinalzinho.
Já os indígenas descartam ocupar outros espaços ou reduzir as áreas demarcadas. Eles pedem a saída dos brancos dos locais demarcados, com pagamento de indenização.
- Gostaríamos que os colonos fossem indenizados, mas não abrimos mãos das nossas áreas, é um direito nosso - frisou Leonir Franco, cacique de Passo Grande do Rio Forquilha.
Disputa por terras
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Guilherme Mazui / RBS Brasília
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