
Tão logo ficou sabendo da prisão do irmão, ocorrida na tarde deste sábado em Frederico Westphalen, a assistente social Edelvânia Wirganovicz escreveu uma carta, de dentro da cela onde está recolhida na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, Região Metropolitana, garantindo que Evandro Wirganovicz não tem qualquer envolvimento com o assassinato do menino Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos. "Meu irmão não participou", afirmou ela.
:: Evandro, irmão de Edelvânia, foi preso neste sábado
:: Confissão feita por Edelvânia à polícia foi gravada
:: Polícia vai indiciar pai de Bernardo por homicídio e pedirá prisão preventiva
O documento foi entregue ao advogado de Edelvânia, Demetryus Eugenio Grapiglia, que pedirá, no domingo, a revogação da prisão temporária de Evandro à Justiça de Três Passos. Conforme o defensor, "um absurdo" está sendo cometido:
- Ele não tem qualquer participação nisso, seu único vínculo é o de ser irmão, é um absurdo. Minha cliente ressalta, na carta, que ela e a Graciele (Ugulini, madrasta de Bernardo) cavaram a cova. Ele não fez nada. Minha cliente aceita ser condenada e diz claramente que foi a culpada.
Em entrevista à Rádio Gaúcha, em 17 de abril, Tereza Wirganovicz - mãe de Evandro e Edelvânia - confirmou ter recebido uma pá e uma cavadeira da filha. Ela não acreditava, porém, no envolvimento da assistente social no homicídio. Dois dias depois, Zero Hora divulgou o depoimento dela à polícia confessando o crime e dando detalhes de como Bernardo foi morto com uma injeção letal.
No depoimento, Edelvânia relatou que o menino foi atraído a Frederico Westphalen por ela e Graciele para supostamente ganhar uma televisão. As duas disseram que ele iria a uma consulta com uma benzedeira e aplicaram a injeção nele. Após Bernardo perder a consciência, ele foi enrolado em um saco e enterrado em uma cova que havia sido cavada dois dias antes.
- Era muito dinheiro e não teria sangue nem faca, era só abrir um buraco e ajudar a colocar dentro o menino - contou a assistente social aos agentes, no dia 14 de abril.
Segundo o juiz Fernando Vieira dos Santos, da Comarca de Três Passos, o terreno em que o corpo do garoto foi enterrado, às margens de um rio em Frederico Westphalen, é difícil de ser escavado e exigiria força física para ser aberto, o que tornaria verossímil a presença de um homem na cena do crime. A prova testemunhal colhida aponta indícios veementes de que Evandro tenha estado, um ou dois dias antes do crime, perto do local onde o corpo foi encontrado.
"Demais disso, deve-se ponderar que o representado teria estado no local antes do assassinato de BERNARDO, o que pode indicar, desse modo, a premeditação do fato, a implicá-lo (ao representado), no mínimo, como partícipe por auxílio no crime de homicídio, e não apenas na ocultação do cadáver", observou o juiz.
Há temor, portanto, de evasão do distrito da culpa, o que já justificaria, de acordo com Fernando Vieira dos Santos, a prisão temporária por dia 30 dias: "Contudo, o que mais se percebe, pelo teor do depoimento do acusado, é que está adotando atitude diversionista, negando sua presença no local do fato há longa data, quando a prova testemunhal aponta seu veículo parado nas margens da estrada um ou dois dias antes do assassinato".
Na próxima terça-feira, a Polícia Civil de Três Passos divulgará, em uma entrevista coletiva à imprensa, a conclusão do inquérito sobre a morte do garoto Bernardo. O pai dele, Leandro Boldrini, a madrasta e a assistente social serão indiciados por homicídio. A polícia pedirá a prisão preventiva dos três. Graciele e Edelvânia estão presas na Penitenciária de Guaíba, e o médico na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc).