O fato de Porto Alegre ter registrado a temperatura mais alta entre as capitais brasileiras por três dias consecutivos esta semana apenas comprovou que o apelido nem tão carinhoso, que virou hashtag nas redes sociais, não é mera força de expressão.
Segundo os meteorologistas, um conjunto de fatores transforma a capital gaúcha em um #FornoAlegre nesta época do ano, a começar pela posição geográfica: é verão no hemisfério Sul, e Porto Alegre é a capital brasileira mais ao sul no mapa do Brasil.
- Em janeiro, o número de horas de sol no Sul é maior. Soma-se a isso a baixa umidade do ar e o resultado é o calor intenso - sintetiza o meteorologista Celso Oliveira, da Somar Meteorologia.
Outro fator é que o Rio Grande do Sul é o único Estado com clima subtropical neste país tropical. A meteorologista Kelen Andrade, do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/Inpe), explica que, nas regiões tropicais, a temperatura é constante o ano inteiro, com média de 32ºC, tanto que se fala que só há duas estações e a diferença entre elas é a quantidade de chuva. Já as regiões subtropicais são caracterizadas por extremos, tanto de frio quanto de calor.
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A direção dos ventos também contribui para o abafamento. No Nordeste brasileiro, por exemplo, sopram ventos a partir do oceano, levando umidade para o continente, o que faz com que a temperatura não suba tanto. No Sul, os ventos são continentais, de norte e de sul.
O relevo de Porto Alegre, em comparação a outras capitais, é outra razão para o calor extremo, conforme a técnica em meteorologia Patrícia Vieira. Em Curitiba, mesmo estando na região Sul, as temperaturas não sobem tanto porque a cidade está longe do litoral, numa região de planície, a cerca de 900 metros de altitude. A capital gaúcha está ao nível do mar e tem uma geografia plana, diferente do Rio de Janeiro, que também está ao nível do mar, mas fica em uma baía, entrecortada por morros.
Há ainda a ação dos sistemas de alta pressão sobre o Sul, que impedem a formação de nuvens e criam áreas de subsidência, as quais "empurram" o calor para baixo. Essas zonas são dissipadas pelo ingresso de frentes frias.
Para alívio dos gaúchos, conforme o meteorologista Gil Russo, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), uma frente fria está chegando ao Estado para interromper a onda de calor que já completa cinco dias com máximas superiores a 35ºC na Capital. A chuva chegou à fronteira com o Uruguai na manhã desta quarta-feira e se espalha pelas demais regiões. No fim de semana, a temperatura vai, finalmente, baixar dos 30ºC, ainda que por pouco tempo, já que uma nova onda de calor é esperada para terça-feira que vem.
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