Incrível o episódio do eucalipto de sete toneladas que veio abaixo sábado passado à tarde no Parque Farroupilha.
O parque estava lotado. De repente se ouviu um grande estalo, era o eucalipto que tombava. Aquela imensa massa de tronco, galhos e folhas desabou sobre várias pessoas, tendo morrido na queda da árvore o juiz do Trabalho Lenir Heinen, com 64 anos, e se feriram duas outras pessoas, uma com gravidade.
O interessante no episódio é que o eucalipto não avisou que ia tombar, ele desabou de inopino e de soco, o juiz não teve tempo de salvar sua vida.
Tinha passado exatamente pelo local, 30 minutos antes, o colega Moisés Mendes em companhia de seu neto Joaquim, de dois anos e oito meses.
Centenas de outras pessoas passaram debaixo do eucalipto que iria tombar em minutos.
Que tragédia! Que destino.
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É do grande Augusto dos Anjos o soneto abaixo transcrito:
- As árvores, meu filho, não têm alma.
E esta árvore me serve de empecilho,
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma.
- Meu pai, por que tua ira não se acalma?
Não vês que em tudo existe o mesmo brilho?
Deus pôs alma nos cedros, nos junquilhos,
E esta árvore, pai, possui minhalma.
Disse e ajoelhou-se numa rogativa:
- Não mate a árvore, pai, para que eu viva!
E quando a árvore olhando a pátria serra
Caiu aos golpes do machado bronco
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra.
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Este soneto trago-o decorado há 40 anos, junto com centenas de outros. Lembrei-me dele quando tombou o eucalipto da Redenção, levando consigo a pobre (ou rica) alma do juiz do Trabalho.
Mas não me sai da cabeça que uma árvore de sete toneladas ruiu de repente, sem qualquer aviso aos frequentadores do parque.
Uma queda à traição, um estrondo do destino!
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Autografa nesta terça-feira, às 19h, na Livraria Saraiva do Moinhos Shopping, o seu livro Histórias de Afeto o médico oncologista Gilberto Schwartsmann.
No livro, o autor aborda tocantes histórias baseadas em fatos reais que revelam a dor das despedidas.
É muito bom de lê-las.