O Rio Grande do Sul está mais preparado para enfrentar a gripe A este ano do que no inverno passado, mas o número acumulado de 26 casos registrado até agora deve manter em alerta população e autoridades.
O Estado recebeu um milhão de doses a mais de vacina e ultrapassou a meta de imunizações prevista pelo governo federal. Porém, como as contaminações até o momento superam o verificado no mesmo período do ano passado, especialistas recomendam manter atenção redobrada ao H1N1.
O último dado sobre a circulação do vírus, divulgado nesta quinta-feira pela Secretaria Estadual da Saúde (SES), revela que os 26 pacientes adoecidos desde o começo do ano superam os quatro casos contabilizados entre janeiro e maio do ano passado. Em nenhum dos dois períodos houve mortes. Mas a comparação desfavorável não representa necessariamente uma tendência de agravamento.
Segundo a chefe-substituta da Vigilância Epidemiológica do Estado, Tani Ranieri, o número mais alto se deve ao fato de o vírus ter começado a circular mais cedo neste ano - antecipando-se inclusive ao adiantamento de três semanas da campanha nacional de vacinação. Na avaliação da SES, o impacto das doses tomadas por 91% do público-alvo gaúcho (acima da meta nacional de 80%), já estaria reduzindo o ritmo de contaminações. No ano passado, os gaúchos ficaram abaixo da meta até explodir a quantidade de registros - a campanha oficial terminou com 68% de adesão.
Cerca de um mês atrás, chegou a haver sete registros em uma semana. O último boletim epidemiológico, porém, trouxe apenas três casos a mais do que o da semana anterior.
- Vacinamos 2,7 milhões de pessoas, o que ajuda a interromper a cadeia de transmissão - observa Tani.
Outra estratégia do governo é a oferta do medicamento Tamiflu aos pacientes com suspeita de gripe A o mais cedo possível. O epidemiologista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Jair Ferreira concorda que uma maior cobertura de vacinas aumenta o nível de proteção da população - mas faz a ressalva de que isso não é garantia de que não possa ocorrer uma nova epidemia.
- Há muitas pessoas com mais de dois anos e menos de 60 anos que estão fora dos grupos de risco e não se vacinaram - argumenta.
Ferreira acrescenta que os 26 casos verificados até o momento, de fato, podem não levar a um agravamento da situação. Mas, segundo o especialista, devem servir de alerta contra os riscos do H1N1.
- Os serviços de saúde precisam ficar preparados - afirma.
Outra razão de cuidado são as 55 mortes já verificadas em São Paulo. A grande circulação do vírus verificada no Sudeste pode facilitar a expansão da doença para outras regiões do país. O ritmo de avanço do vírus, porém, depende de outros fatores como o clima e o grau de suscetibilidade da população. Na dúvida, a regra é lavar as mãos várias vezes ao dia e cobrir boca e nariz com lenço descartável ao espirrar.