Depois de dedicar o primeiro mês de aula ao esforço de recuperar os alunos de 1º ano reprovados em 2012, as escolas estaduais têm diante de si um novo desafio: integrar os recém-aprovados a turmas de 2º ano que já estão em andamento. Levando em consideração que são estudantes com um histórico de dificuldade escolar, a tarefa pode se revelar especialmente complicada. É o que prevê Eli Pinheiro Borges, diretor da Escola Professora Elizabeth Blaas Romano, de Pelotas:
- O aluno já teve dificuldade em crescer no ano anterior e ainda perdeu um mês de aula. Essa coisa do "vamos empurrar pra frente" é colocar a carreta na frente dos bois - diz ele.
Para evitar esse problema, muitos colégios resolveram interferir no andamento do 2º ano. No começo do atual período letivo, orientaram os professores a dedicar as primeiras semanas de aula a uma revisão do conteúdo do nível anterior. Aulas de 2º ano, propriamente ditas, só a partir da chegada dos retardatários. Esse é o caso da Escola Melvin Jones, de Caxias do Sul:
- Orientamos os professores do 2º ano a não iniciarem com novos conteúdos, para que estes que agora foram incluídos não tivessem nenhuma dificuldade de acompanhar os outros. Na verdade, acontece algum prejuízo, pois não seguimos no desenvolvimento do trabalho - disse a diretora Ana Luísa Ennes.
Alguns estabelecimentos maiores, que tiveram um grande número de participantes no plano de avanço, adotaram como solução a criação de turmas específicas para os que começaram 2013 no 1º ano e vão terminá-lo no 2º. A Escola Evaristo de Antoni, de Caxias do Sul, teve 469 reprovados no ano passado. Desses, 61 conseguiram reverter o resultado em 2013. Foram divididos em duas turmas de 2º ano, uma diurna e outra noturna.
Para muitos alunos, no entanto, será necessário recuperar conteúdos que seus novos colegas já aprenderam - os estabelecimentos prometem dar uma atenção especial a suas dificuldades.
- É um problema. Eles vão entrar na turma que já está com as aulas em andamento e precisarão correr atrás do conteúdo perdido. Tem alguns alunos que já disseram que têm vergonha, mas é o único jeito para acompanhar - diz Jussara Rangel Piva, Escola Escola Técnica Caxias do Sul.