A idade com que as mulheres têm filhos está em alta no Rio Grande do Sul, que lidera uma tendência nacional de envelhecimento nas maternidades.
Em apenas cinco anos, a proporção de bebês nascidos após os 30 anos da mãe aumentou 10% no Estado. Como resultado, mais de um terço das crianças nascidas no ano passado são filhas de mulheres acima dessa faixa etária devido a fenômenos como o aumento da escolaridade, a procura por lugar no mercado de trabalho e o envelhecimento médio da população.
Levando-se em conta o local de registro do nascimento, o Rio Grande do Sul é o Estado brasileiro com o maior percentual de partos em que a mãe superou o patamar dos 30 anos - 35,4%. Cinco anos atrás, esse percentual estava em 32,3%. As razões para o crescimento apontado nas Estatísticas do Registro Civil, cuja edição referente a 2011 foi divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são exemplificadas por casos como o da família da secretária porto-alegrense Evelise Escobar da Silveira.
Aos 37 anos, ela resolveu ser mãe pela primeira vez e está grávida há sete meses de uma menina. Antes de realizar o sonho da maternidade, dedicou-se a encaminhar outros projetos relacionados ao estudo e ao trabalho. Recém concluiu o curso de Administração de Empresas na Pontifícia Universidade Católica (PUCRS) e procurou se firmar no emprego onde trabalha há oito anos.
- Apesar de já ter um relacionamento de 10 anos, decidimos de comum acordo aguardar para ter um filho. Agora me sinto mais estabilizada e preparada, até no sentido de como educar essa criança - afirma a futura mãe quase quarentona.
É um perfil familiar muito diferente do que vivenciou sua própria mãe, Maria Antonieta Escobar da Silveira, 62 anos. Maria Antonieta teve seu primeiro filho aos 19 anos - quase a metade da idade com que Evelise aumentará sua família.
- O que faz o Rio Grande do Sul ter essa característica são fatores como a maior escolaridade da mulher na comparação com outras regiões do país, a maior preocupação em se firmar no mercado de trabalho, o envelhecimento médio da população e a redução da fecundidade - avalia o gerente de Estatísticas Vitais do IBGE, Claudio Crespo.
Como consequência disso, quando se analisam os nascimentos ocorridos em 2011 pelo local de residência da mãe, o Rio Grande do Sul é o Estado brasileiro que teve as maiores proporções de bebês com mães na faixa de 40 a 44 anos e de 45 a 49 anos. Ficou ainda na segunda posição no intervalo de 35 a 39 anos. Para a professora de Ginecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e presidente da Associação Brasileira de Climatério, Maria Celeste Osório Wender, os avanços da Medicina tornam mais segura hoje uma gestação tardia do que em comparação com algumas décadas atrás - desde que a futura mãe faça o devido acompanhamento pré-natal.
- Uma gestação mais tardia tem vantagens e desvantagens. Há um maior risco de alguns problemas, como hipertensão, por exemplo. Mas há vantagens como uma maior maturidade da mulher, e uma maior capacidade de dedicar atenção ao bebê - avalia Maria Celeste.