Em Joia, no noroeste do Estado, os efeitos da seca sobrepõem-se à paisagem da mesma forma que os ossos dos animais se destacam no couro magro e sofrido pela falta de água e alimento. Em novembro, data da última chuva regular no distrito de São João Mirim, o produtor Élvio Machado, 65 anos, contabilizava 37 cabeças de gado no campo. Quase sete meses depois, são 33. A fraqueza matou quatro animais.
- A fome do gado eu nem tenho a esperança de matar. Mas se não tratasse, tinha morrido tudo - lamenta Machado.
Com as reservas de pasto nativo totalmente esgotadas, o pecuarista recorreu a rações a base de milho, feno, farelo de soja e de aveia. Calcula ter gasto mais de R$ 3 mil.
- Eu ia comprando aos poucos, porque tinha a esperança de que se chovesse a coisa iria melhorar - conta.
Os prejuízos com a seca se aproximam dos R$ 140 milhões em Joia. Só com a soja, principal cultura do município, foram R$ 77 milhões.
- A previsão era colher uma média de 47 sacas por hectare. No último balanço que fizemos, a conta fechou em 7,5 sacas - afirma Marcos Bremm, técnico agrícola da prefeitura.
O tamanho da redução de produtividade no Estado
- Soja: 43% a menos que a previsão inicial
- Milho: 42,57% a menos que a previsão inicial
- Feijão (1ª safra): 14,82% a menos que a previsão inicial
- Arroz: 9,51 a menos que a previsão inicial
Seca sem precedentes
Animais morrem de fome e sede em Joia, no noroeste do Estado
Pecuarista teve de recorrer a rações para alimentar os animais e gastou mais de R$ 3 mil
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