Se o momento é de aflição nas áreas da saúde e da economia, é bom saber que também é de atos que garantem uma dose de esperança. Quando a solidariedade parte de crianças, a sensação é ainda mais especia. Em Caxias do Sul, Rafaela Marcarino, 10 anos, e Mariana Filippon de Camargo, oito, decidiram dar o exemplo e doaram R$ 50,30 ao Hospital Geral.
O dinheiro não veio fácil. As meninas foram as responsáveis por produzir e vender bonecos de gesso para arrecadar os recursos. As amigas "desde a barriga", como descreve Mariana, são um case de sucesso. Partiu delas a ideia de fazer cartazes de divulgação dos produtos e mandar áudios para conhecidos, pelo WhatsApp, para divulgar a venda dos bonecos.
— A gente estava fazendo bonequinhos de gesso para mim, para o meu irmão e para Rafaela. Aí surgiu a ideia de vender na frente do portão da minha casa os bonequinhos de gesso para poder ajudar o hospital. A gente ficou tão feliz de poder doar um pouco para o hospital, muito feliz mesmo. Essa ideia surgiu porque, agora, estávamos pensando que existem pessoas que precisam muito mais que a gente, inclusive as que pegaram isso (coronavírus). Vou levar este momento para o resto da minha vida — conta Mariana.
A analista de departamento pessoal Carine Filippon, 40 anos, mãe da Mariana, conta que as duas meninas estavam brincando quando chegaram com a ideia de vender os bonecos:
— Do nada, elas vieram me dizer: mãe, vamos vender no portão. Em um primeiro momento, fiquei até assustada. Mas aí elas disseram: a gente vai doar (o dinheiro) para o hospital.
As duas meninas conseguiram vender sete bonecos. O material acabou e elas ainda têm encomendas pendentes. Caso encontrem gesso, pretendem fazer mais. O espírito solidário da dupla está tão aflorado que, ainda no último sábado (25), após encerrarem a capacidade de produção dos bonecos, as amigas venderam também pipocas para arrecadar fundos.
— A gente escolheu esse hospital porque ele atende pessoas que não têm dinheiro para poder pagar um plano de saúde. Então foi muito especial. No começo, a gente achava que não ia fazer muita diferença e nem ajudar muito. Mas agora que vimos que dá para comprar mais ou menos 240 máscaras com esse dinheiro, fiquei mais feliz ainda — comenta Rafaela.
A empresária Luciana Marcarini, 39 anos, mãe da Rafaela, conta que a percepção de que o dinheiro terá um destino importante para a proteção dos profissionais da saúde fez as meninas se sentirem ainda mais entusiasmadas.
— Elas saíram do hospital super motivadas, pensando em outras formas de ajudar — conta a mãe.
Uma das ideias, conta Rafaela, é doar materiais escolares e de escritório, já que o hospital tem uma caixa de arrecadação para esses itens.
Ouça o áudio em que as meninas comentam a ação