Desde o mês de março, a Malharia Anselmi, com sede em Farroupilha, na serra gaúcha, começou a produção de alguns itens essenciais para profissionais de saúde que trabalham no combate ao coronavírus. Foram confeccionados máscaras, jalecos, pijamas cirúrgicos, toucas e propés para doar à rede de saúde do Estado.
Primeiramente, os hospitais Geral de Caxias do Sul, e São Carlos, em Farroupilha, foram beneficiados. Hoje, instituições de Porto Alegre e outras cidades do Rio Grande do Sul também estão recebendo os produtos.
A iniciativa da campanha partiu da proprietária, Maria de Lourdes Anselmi, que integra o grupo Voluntárias da Saúde, do Hospital São Carlos. Com a alta demanda pelos itens de proteção para os funcionários dos hospitais, a malharia recebeu pedidos e decidiu ajudar com doações.
— Quando tivemos que fechar a empresa, pensei que eu deveria fazer alguma coisa para ajudar. Faz cinco anos que sou voluntária no hospital de Farroupilha e sei das dificuldades que existem. Diversos hospitais vivem com dívidas, imagine como está sendo enfrentar uma pandemia?! Então, como eu tinha tecido em casa, resolvi produzir máscaras, lençóis e roupas para eles trabalharem — explicou.
A empresária conta que precisou chamar os funcionários da empresa para auxiliar na produção. A aceitação foi imediata.
— Não tinha mão de obra, então, peguei minha equipe de produção. Pessoas que estavam fora do grupo de risco e que não precisavam andar de ônibus para chegar até a fábrica. O engajamento foi tão grande que tínhamos 40 pessoas envolvidas — recordou.
A empresária ressalta que nenhum dos trabalhadores quis ser pago durante o trabalho, apesar da disponibilidade da malharia. A justificativa dada foi simples: "Não queremos receber. Se vocês está doando material, vamos doar a mão de obra".
A Malharia Anselmi voltou a funcionar normalmente e com todos os funcionários do quadro. Logo após o fechamento, Maria de Lourdes recordou que quase 50 pessoas tiveram seus contratos temporários rescindidos, devido a falta de produção. Porém, todos foram recontratados após uma mobilização dos trabalhares.
— Vieram em mim e pediram que eu reduzisse a carga horária de todos para que os outros permanecessem. Através desse pedido, nos encorajamos e contratamos todos de volta. Nosso quadro voltou 100% no retorno aos trabalhos. Acredito que será dessa forma que vamos darmos a volta por cima. Um cuidando do outro. É a hora de darmos a mãos uns aos outros — finalizou.