A vendedora Roberta Console, 33 anos, e o servidor público Luiz Amaral, 34 anos, não conheciam nenhum atleta que iria competir nesta sexta (2) no atletismo. Mesmo assim, o casal fez questão de adquirir ingressos para assistir ao primeiro dia das provas de pista no Stade de France. Para os paulistas, a modalidade era a mais importante de acompanhar por ser a mais tradicional dos Jogos.
— O atletismo é a cara das Olimpíadas. Quando a gente pensa, o primeiro esporte que vem à cabeças é o atletismo — destacou Roberta. — É uma modalidade muito ligada à origem dos Jogos. Fizemos questão de vir, mesmo não conhecendo os atletas — explicou Luiz a Zero Hora, logo ao chegar ao palco das provas.
A reportagem de Zero Hora encontrou outra família paulista entusiasmada com a atmosfera do atletismo.
— Não viemos ver nenhum atleta em especial e sim viver o ambiente do atletismo. Para onde você olha, tem prova. Há momentos com quatro provas simultâneas, e os telões mostrando tudo. Foi muito interessante. Dava para curtir ao mesmo tempo o arremesso do peso e as provas de velocidade, por exemplo. Mas o que eu achei mais interessante foi o revezamento 4x400m misto — disse o administrador de empresas Rodrigo Souza, 45 anos, que foi ao Stade de France com a esposa, a pedagoga Camila Souza, 49, e os filhos Matheus, 14, Maria Antônia, 13, e Bernardo, 11.
A sexta-feira do atletismo brasileiro
Nos Jogos de Paris, a estreia do atletismo ganhou um elemento a mais. Como a cerimônia de abertura ocorreu no Rio Sena, a sexta marcou a primeira "aparição" do Stade de France para o público olímpico. Chamaram atenção da reportagem a revista minuciosa nos portões de acesso, o forte aparato policial e o amplo perímetro de segurança, com a proibição da circulação de carros nos arredores do estádio, medidas não observadas nas demais sedes dos Jogos.
Conhecido eternamente pelos brasileiros pela traumática derrota na Copa do Mundo 1998, o Stade de France foi elogiado pelo atleta pernambucano Fernando Balotelli, 25 anos, do decatlo.
— Está demais. É a primeira vez que a gente corre em uma pista roxa, e superou as expectativas. Está aprovado demais. Mas chama atenção a velocidade. Se você prestar atenção, melhorei as marcas nas duas provas de corrida hoje (sexta-feira) e espero melhorar amanhã (sábado) também. Mas a pista é muito rápida. Acredito que teremos muitos recordes — destacou o atleta, que, após cinco provas, terminou o dia em 17° lugar e disputará mais cinco provas neste sábado (3).
O resultado mais relevante do Brasil foi da paranaense Valdileia Martins, 34 anos, que se classificou para a final do salto em altura feminino, com a marca de 1,92m, igualando o recorde brasileiro na prova, de Orlane Maria dos Santos, atingido em 1989.
— Eu estava treinando super bem. Antes de viajar para cá, fiz um treino e quebrei o recorde em treinamento, saltei 1,93m. Então, eu estava realmente pronta para o resultado — afirmou a atleta, que, no entanto, sentiu dores no tornozelo esquerdo após o último salto e é dúvida para a fase decisiva.
Já a meio-fundista Flávia Maria de Lima, 31 anos, também do Paraná, ficou em sexto lugar na bateria classificatória dos 800 metros livre e irá disputar uma repescagem neste sábado (3). Os demais brasileiros que competiram não conseguiram a classificação para as fases seguintes.
A atmosfera do atletismo poderá ser desfrutada pelo público olímpico até o encerramento das Olimpíadas, no dia 11, com medalhas em disputa todos os dias.