Com uma coreografia misturando Raça Negra e Édith Piaf, a ginasta Júlia Soares foi ovacionada pelo público que acompanhava as apresentações na Bercy Arena, em Paris, na tarde de domingo (28). A performance foi um dos destaques da paranaense estreante em Olimpíadas, que também surpreendeu obtendo uma vaga inédita na final da trave. Aos 18 anos, a jovem ainda busca, junto à seleção brasileira de ginástica artística, a medalha por equipes nos Jogos de Paris 2024.
Júlia foi incentivada pelo pai a praticar uma atividade esportiva ainda na infância e começou sua carreira treinando no Centro de Excelência em Ginástica do Paraná, em Curitiba — local que foi, por muitos anos, casa de nomes como Daiane dos Santos. Lá, a jovem chamou a atenção da treinadora ucraniana Iryna Ilyashenko e passou por testes de força e agilidade, entrando definitivamente para o esporte de alto rendimento.
Desde 2018, foi se destacando em competições nacionais e internacionais: se tornou campeã Sul-Americana Júnior na trave, ficou em quinto lugar no individual geral do Campeonato Brasileiro de Aparelhos, e conquistou o bronze na trave e no solo, disputando com ginastas da categoria júnior e sênior. Depois, foi selecionada para representar o Brasil no Campeonato Mundial Juvenil.
Em 2022, teve seu primeiro grande resultado internacional ao conquistar a medalha de ouro na etapa de Baku da Copa do Mundo de ginástica artística. Além disso, subiu ao topo do pódio quatro vezes no Sul-Americano da modalidade.
No ano seguinte, Júlia fez parte da equipe brasileira que conquistou a inédita medalha de prata no Campeonato Mundial de ginástica artística, garantindo a vaga do Brasil nos Jogos Olímpicos. Também esteve com a seleção na disputa de seus primeiros Jogos Pan-Americanos, obtendo a prata por equipes e ficando em quarto lugar no solo.
Em sua apresentação na trave nas Olimpíadas, a ginasta utilizou o elemento que é sua marca registrada — o “Soares”, uma entrada na trave em vela com meia pirueta. O elemento foi homologado por Júlia em 2021 e entrou para o código da Federação Internacional de Ginástica (FIG), já que nunca havia sido feito por nenhuma outra atleta antes.
A apresentação que lhe garantiu o oitavo lugar e a classificação para as finais foi classificada como “absurda” e “impecável”, recebendo a nota de 13.800.
Nas redes sociais, suas apresentações foram muito comentadas e elogiadas. Usuários do X (antigo Twitter) exaltaram a execução da série e chamaram Júlia de “o futuro da ginástica brasileira”.
Seis finais
O Brasil disputará seis finais da ginástica artística feminina: individual geral (com Rebeca Andrade e Flávia Saraiva); salto (Rebeca Andrade), trave (Rebeca Andrade e Júlia Soares) e solo (Rebeca Andrade).
As finais da ginástica artística começam na terça-feira (30), com a disputa por equipes. O individual geral feminino será na quinta (1º) e o salto no sábado (3). As barras assimétricas no dia seguinte (4) e, as finais de solo e trave, estão marcadas para 5 de agosto.