A estreia da seleção brasileira feminina de basquete no Torneio Pré-Olímpico não foi como esperado. Em casa, com sete mil torcedores nas arquibancadas da Arena Guilherme Paraense, o Mangueirinho, em Belém, o time comandado por José Neto foi superado pela Austrália por 60 a 55. Como três equipes irão se classificar para os Jogos de Paris nada está perdido, já que ainda restam os confrontos contra Alemanha e Sérvia.
Mas a derrota do Brasil ficou marcada por um erro da equipe de arbitragem. Quando restavam 5min41seg para terminar a partida, o placar apontava 52 a 51 para as brasileiras. Nesse instante, a australiana Bec Allen recebeu uma bola e marcou uma cesta de dois, o que deixaria o marcador em 53 a 52. Porém, a marcação na súmula foi de três pontos.
— O erro aconteceu, mas a Federação Internacional de Basketball (FIBA) não quer assumir. Então, ela se está apegando aos 15 minutos, que não pode assinar a súmula sob protesto, e se escondeu atrás disso. Verbalmente falaram que o erro aconteceu e, publicamente, não querem assumir. Como pode uma federação internacional cometer um erro básico desses? Uma bola de dois e marcar de três não existe. Todo mundo percebeu. Comunicamos à mesa e falaram que estava tudo certo — protestou Carlos Renato dos Santos, diretor da Confederação Brasileira de Basquete (CBB) e ex-árbitro, que dirigiu as finais olímpicas masculinas de Sydney, em 2000, e de Atenas, em 2004.
Inconformada com a decisão da FIBA, a CBB emitiu uma nota contestando a posição da equipe de arbitragem do confronto, que teve Johnny Batista (Porto Rico), Gvidas Gedvilas (Lituânia) e Yevgeniy Mikheyev (Cazaqusitão).
Assista ao lance:
Confira a nota da CBB:
"A Confederação Brasileira de Basketball (CBB) lamenta e repudia o erro de direito ocorrido na primeira rodada do Pré-Olímpico feminino de basquete FIBA, durante o confronto entre Brasil e Austrália, no Ginásio Mangueirinho, em Belém do Pará.
O Brasil vencia o jogo por 52 a 49, com pouco mais de seis minutos para o fim. A Austrália diminuiu para 52 a 51, em bola de dois pontos. Na sequência do duelo, a Seleção cometeu falta de ataque e na posse seguinte, a Austrália colocou mais uma bola de dois pontos, o que deixaria o placar em 52 a 53. Na súmula e no placar do ginásio, exposto para todas as atletas e público, foi exibido 52 a 54 para as australianas.
O banco (de reservas) do Brasil reclamou. A torcida presente também percebeu o erro. Na transmissão da ESPN, no Brasil, narrador e comentarista também citaram o erro, que não foi corrigido em momento algum.
Ao fim do jogo, a diretoria da CBB foi até a mesa para fazer o protesto, solicitando no mínimo a alteração do ponto, o que não ocorreu por parte da mesa, sendo mantido o placar final em 60 a 55.
O erro pode não ter mudado o placar final do duelo, mas é límpido que alterou a dinâmica dos minutos finais do jogo, mexeu psicologicamente com a equipe e, diante de uma competição tão forte, organizada e importante, valendo vaga olímpica em Paris 2024, não poderia de fato nenhum ocorrer, pois na disputa também por saldo, qualquer ponto faz a diferença.
Protestamos junto à FIBA, acionamos o departamento jurídico da CBB para tomar as medidas cabíveis e esperamos uma resposta à altura da entidade maior do basquete mundial."