Um dos grandes personagens dos Jogos Olímpicos de Tóquio, realizados neste ano, foi o brasileiro Darlan Romani. O atleta de 30 anos, do arremesso de peso, terminou a competição em quarto lugar e não alcançou a sonhada medalha, mas chamou atenção de todos pelo carisma e a superação com treinamentos improvisados durante a pandemia.
Em entrevista ao programa "Gaúcha +", da Rádio Gaúcha, na tarde desta terça-feira (17), o atleta contou que após a competição estava triste com o resultado e decidiu ficar um pouco sozinho, no quarto em que estava na Vila Olímpica. Porém, recebeu uma ligação da esposa, que estava no Brasil, dizendo que muitas pessoas queriam ajudá-lo financeiramente. Inicialmente relutante, o gigante de 1m88cm e 140kg aceitou que fosse feita uma vaquinha, que rendeu R$ 302,2 mil, bem mais do que o esperado.
— No início falei para a minha esposa que não precisaria, que a gente sempre correu atrás. Mas as pessoas realmente queriam ajudar, e a melhor forma foi a vaquinha. Estabelecemos o valor de R$ 150 mil, mas essa quantia dobrou. Por isso, decidimos doar para projetos sociais que incentivam o atletismo. Esse valor excedido vai ser dedicado às crianças, para dar material, condições para treinarem, ter um tênis, transporte. Fico feliz por colaborarmos. Vamos incentivar o atletismo — destacou ele, que logo no início da pandemia precisou treinar em um terreno baldio, já que o clube onde se preparava para os Jogos não podia receber ninguém.
Natural de Concórdia, no Oeste Catarinense, Darlan Romani afirmou que tem muita admiração pela cultura gaúcha e que é apaixonado por churrasco. Ele fez, inclusive, parte do seu treinamento para a Olimpíada em Pelotas, quando se recuperava de uma lesão e foi tratado pela clínica de André Guerreiro, hoje médico da seleção brasileira de atletismo. Ainda que acompanhe pouco futebol hoje em dia, especialmente por conta da rotina pesada de treinamentos, torcia para o Inter na infância.
— Já fui muito colorado, mas não tenho acompanhado muito futebol ultimamente — relatou o atleta catarinense.
Hoje ele vive em Bragança Paulista, no interior de São Paulo. Treina cerca de oito horas por dia, entre trabalhos técnicos, de musculação e condicionamento físico, para se manter na elite do atletismo mundial. Em Tóquio, alcançou a marca de 21m88cm, atrás dos norte-americanos Ryan Crouser (23m30cm), Joe Kovacs (22m65cm) e do neozelandês Tom Walsh (22m47cm). A meta, agora, é melhorar a cada competição até os Jogos de Paris em 2024.
—Viajo amanhã (quarta-feira, 18) para os Estados Unidos, vou fazer uma prova lá. Depois fico na Europa até o dia 10 ou dia 14 de setembro. No próximo ano temos mundial indoor, outdoor, tem sul-americano. Muita coisa ainda até Paris — salientou Romani.
Antes das Olimpíadas, Romani era pouco conhecido. Tinha pouco mais de 10 mil seguidores no Instagram, por exemplo. Hoje, soma 470 mil pessoas lhe acompanhando na rede social. Recebeu inúmeras mensagens durante os Jogos e espera que esse apoio incentive mais pessoas a praticarem atletismo.
— Torço para que isso aconteça, que a criançada goste do nosso esporte e venha praticar não só o arremesso de peso, mas o atletismo como um todo. Espero que, com essa visibilidade, as cidades possam incentivar, o governo também, para que tenhamos mais Darlans pelo Brasil — finalizou o atleta.