Escalada, surfe, skate, basquete 3x3, breakdance. Todos essas modalidades fazem ou farão parte das Olimpíadas, mas existe um esporte que ainda não conseguiu superar as burocracias dos bastidores para integrar o programa olímpico: o futsal.
Praticado por mais de 10 milhões de pessoas no Brasil, o futebol das quadras nunca conseguiu entrar nos Jogos, ainda que cumpra todos os pré-requisitos para isso: ter uma federação internacional, seguir a carta olímpica e ser praticado em pelo menos 75 países em quatro continentes entre homens, ou em 40 países em três continentes entre mulheres.
O mais perto que o futsal chegou foi com a participação nos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro — indicado pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB), na ocasião, projetando que a modalidade traria uma medalha para o país. O esporte também passou a fazer parte dos Jogos Olímpicos da Juventude em 2018, com ouro para o Brasil.
A explicação para a ausência no programa olímpico vem dos bastidores de uma relação conturbada entre o Comitê Olímpico Internacional (COI) e pela federação internacional que comanda a modalidade, a Fifa.
O atrito entre os dois órgãos pode ser vista no próprio futebol masculino, onde apenas atletas de até 23 anos podem participar para que a Copa do Mundo, organizada pela entidade máxima do futebol, não perca valor. O COI, evidentemente, preferia ter os grandes astros do futebol mundial — assim como ocorre em todas as outras modalidades.
Quando o futsal entrou no programa dos Jogos Olímpicos da Juventude, a bandeira da inclusão nas Olimpíadas foi levantada por Falcão, grande astro da história da modalidade.
— Deu para ver a atmosfera dos jogos, ginásio lotado e um esporte que é a cara da Olimpíada. Foi um primeiro passo, sucesso de público e audiência. A parte do futsal foi feita, agora é esperar que os dirigentes dos países mais interessados se unam e façam a diferença — comentou, na ocasião.
Relações ruins
Sobre o futsal, não existe o interesse mútuo para que o esporte seja adicionado. Por um lado, a Fifa não deseja a inclusão, pois diminuiria a importância da Copa do Mundo de futsal, que ocorre sempre em ano olímpico. Para o COI, não faz sentido aumentar a relevância do esporte que é organizado pela Fifa. Assim, o impasse não tem perspectivas de acordo entre ambos. O Brasil é dono de cinco títulos mundiais no esporte e teria chances de brigar por medalha com frequência.
Fator de números
Outro problema para a inclusão do futsal é o número de atletas. Quanto mais esportistas estiverem nos Jogos, maior é o custo com acomodações e toda a estrutura necessária. Se o futsal fosse incluído, as duas modalidades de futebol (campo e quadra) teriam cerca de 10% do total de atletas envolvidos para entregar apenas quatro medalhas. Neste sentido, o COI prefere versões reduzidas — isso explica a inclusão do rúgbi em sua versão com apenas sete jogadores para cada lado. Por isso, o futsal teria mais chances como substituto do futebol de campo, não como modalidade adicionada.
Como o programa olímpico de Paris 2024 já está fechado, a próxima chance de inclusão é apenas nos Jogos de Los Angeles 2028.