Há três anos atuando no futebol japonês, o atacante Leandro Damião aproveita as Olimpíadas de Tóquio para relembrar um dos momentos mais importantes da carreira. Em 2012, quando defendia o Inter, o jogador conquistou a medalha de prata com a seleção brasileira e terminou os Jogos de Londres como artilheiro, com seis gols.
— Por tudo o que representam as Olimpíadas, com o mundo inteiro assistindo, foi um momento muito importante para a minha carreira, pois me consagrei como artilheiro. O nosso time tinha muita qualidade, com três jogadores experientes e diferenciados, como Thiago Silva, Marcelo e Hulk, e com craques mais jovens, como Neymar e Oscar. Tínhamos tudo para ter ganhado o ouro — disse a GZH o atleta, que hoje defende o Kawasaki Frontale.
Uma das principais de recordações de Leandro Damião é a dupla de ataque com Neymar, que vivia o auge de sua passagem pelo Santos.
— Era muito fácil jogar com o Neymar. Ele consagra os atacantes que estão ao seu lado, pois é um jogador muito inteligente e que dá um passe fácil. Ele já era diferenciado e estava amadurecendo. Pude desfrutar bastante da parceria com ele. E claro que também tive de fazer a minha parte marcando os gols — completa.
Uma peculiaridade do torneio olímpico que chamou atenção do centroavante foi a imprevisibilidade dos adversários. Segundo o atleta, era muito difícil saber como cada rival iria jogar, pois cada equipe atuava de uma maneira diferente.
— Quando você vai jogar uma Libertadores, você sabe que a maioria dos times joga fechado, tem pegada e dificilmente sofre gols. Nas Olimpíadas, não. Enfrentamos por exemplo (na fase de grupos) o Egito, que era um time rápido e técnico. Depois (nas quartas de final), pegamos Honduras, que ficava bem fechada atrás. Na sequência (na semifinal), jogamos contra a Coreia do Sul, que ia para cima e tentava jogar. Em uma Olimpíada, as seleções são muito diferentes. Cada jogo requer um estudo amplo do adversário. Se você jogar da mesma maneira sempre, dificilmente saberá como ganhar — explica.
O jogo contra Honduras, citado por Damião, foi um dos mais emblemáticos na participação do atleta na competição. Em um jogo em que o Brasil esteve atrás no placar por duas oportunidades, o centroavante colorado marcou duas vezes e ainda sofreu o pênalti convertido por Neymar.
— Foi uma partida bem difícil e complicada. O time deles era jovem, mas com muita qualidade. Felizmente, consegui brigar ali na frente e fazer os gols. Naquela época, muitos não me conheciam, e ter despontado como artilheiro das Olimpíadas foi muito bom para mim profissionalmente. Vai ficar marcado para sempre na história — exalta.
Apesar de as seleções de futebol não se hospedarem com os atletas das demais modalidades, Leandro Damião lembra que, antes do início da competição, a seleção de Mano Menezes visitou a Vila Olímpica para ter contato com as outras delegações.
— Foi muito especial. Lembro que em cada janelinha tinha uma bandeira de um país. Foi muito bacana ver os atletas de todas as nações juntos. Havia espaços com jogos para os atletas de diversos países se enturmarem. Queríamos nos hospedar lá também, mas no futebol tínhamos de viajar para outros lugares. Agora, em Tóquio, não deve estar tendo isso por conta da pandemia, até porque os japoneses são muito regrados — relembra o centroavante.
Em Londres, a seleção treinada por Mano ficou com a medalha de prata após perder a final para o México, por 2 a 1. Leandro Damião mora hoje em Kawasaki, cidade situada a apenas 16 quilômetros de Tóquio. Neste sábado, às 8h30min (pelo horário de Brasília), o atleta torcerá à distância pelo Brasil, que buscará o ouro na decisão contra a Espanha.
— A seleção está jogando muito. Vejo que é um time que está muito concentrado no seu objetivo. O Daniel Alves está sendo um destaque pela experiência. Conheço também o (técnico) André Jardine, com quem trabalhei no Inter e é um treinador que ganhou títulos nas categorias de base em todos os clubes que passou. Torcerei muito pelo ouro — disse.
Aos 32 anos, o atleta defende o Kawasaki Frontale, atual campeão japonês, e se diz satisfeito com a vida no Oriente.
— Estou muito feliz aqui. Consegui títulos, a família está bem adaptada e aprendi a me cuidar muito mais. Não me lesiono há três anos — finalizou.