Na terceira Olimpíada da carreira, Guilherme Toldo está longe de ser o grande favorito da esgrima. No entanto, o gaúcho de 28 anos costuma crescer quando enfrenta os principais nomes do circuito — 17º no ranking mundial, o atleta aposta no bom retrospecto contra os adversários mais fortes para conquistar a primeira medalha olímpica do Brasil na modalidade.
Em Tóquio, a meta é pelo menos superar o desempenho dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, quando Toldo chegou às quartas de final, melhor resultado brasileiro na história. Na ocasião, o esgrimista eliminou o campeão mundial da época, o japonês Yuki Ota.
— O Ota era o primeiro do ranking mundial, mas, para mim, era apenas um atleta que também tinha se classificado. Eu tenho essa característica de não respeitar muito ninguém. Na verdade, eu não respeito ninguém mesmo (risos). Chego na pista para enfrentar quem for e, em combates contra as estrelas e atletas mais visados, eu acabo não levando o ranking em consideração — disse Toldo a reportagem de GZH em Tóquio.
A capacidade de Toldo de não se sentir pressionado diante dos favoritos chama atenção da equipe brasileira de esgrima. Chefe da modalidade nos Jogos de Tóquio, o gaúcho Alexandre Teixeira, professor do Grêmio Náutico União, diz que essa característica acompanha o atleta desde que ele iniciou no esporte.
— O Guilherme sempre gostou do desafio. Ele gosta muito de jogar contra adversários difíceis. É guerreiro e não se intimida quando está à frente de favoritos. É difícil ter algum atleta que seja superfavorito quando joga contra ele — conta Teixeira.
No Campeonato Pan-Americano de Esgrima em 2019, em Lima, Toldo ocupava apenas a 55ª posição no ranking. Ainda assim, eliminou os norte-americanos Nick Itkin (17º) e Alexander Massialas (12º), então vice-campeão olímpico e vice-campeão mundial. Na competição, o gaúcho acabou por conquistar a medalha de prata.
Em Tóquio, a grande meta de Toldo é frustrar os sonhos de mais adversários tarimbados e terminar a competição no pódio.
— Eu confio muito em mim. Trabalhei muito, me empenho muito e não tenho medo de ninguém. Isso acaba sendo uma virtude minha e que me dá resultados bons. Estou no melhor momento da minha esgrima e me sinto preparado — completa.
Confiante em superar o resultado histórico de 2016, Toldo recorda também da sua primeira Olimpíada da carreira, em Londres, em 2012. Na ocasião, o gaúcho foi eliminado de forma precoce e, apesar da frustração, entende que saiu mais fortalecido.
— Eu já tive a experiência de ir muito bem nos jogos do Rio e também de cair na segunda fase nos jogos de Londres. Então, consigo juntar as duas experiências e colocar em prática aqui em Tóquio. Me sinto calejado e privilegiado em relação a atletas que não tiveram essa experiência — finaliza.
Na delegação brasileira, o otimismo é grande de que Guilherme Toldo tem tudo para subir ao pódio.
— Ele está no melhor momento da vida dele na esgrima e chega com condição de ganhar uma medalha — aposta Teixeira.
Guilherme Toldo compete na categoria florete a partir deste domingo (25), às 21h25min (horário de Brasília), no Makuhari Messe Hall, em Tóquio.