A Alemanha costuma ser opção de escala nos longos voos ao Japão. Para a ginástica artística brasileira, o país virou conexão obrigatória no rota que leva até Tóquio. A partir desta sexta-feira (4), Stuttgart recebe o Mundial da modalidade (transmissão do SporTV3), a última chance de classificação por equipes para os Jogos de 2020. Estão em disputa nove vagas olímpicas no masculino e outras nove no feminino.
As meninas entram antes em ação na arena Hanns Martin Schleyer, onde Jade Barbosa, Flávia Saraiva e companhia competem neste sábado (5) na mesma subdivisão da atual campeã, os EUA da superginasta Simone Biles – equipe já qualificada para Tóquio ao lado de Rússia e China, segunda e terceira colocadas, respectivamente, no Mundial de 2018.
Já o time liderado pelos medalhistas olímpicos Arthur Zanetti e Arthur Nory vai para a disputa no domingo (6), mesmo dia da estreia dos já classificados russos (chineses e japoneses também garantiram, no ano passado, a vaga para os Jogos).
Diferentemente da última edição do evento, realizada em Doha, onde o objetivo traçado pela Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) era levar o maior número possível de representantes às finais, desta vez o foco é o desempenho coletivo. Isso significa que especialistas em determinado aparelho dedicam parte de seus treinos a outras provas, a fim de contribuir com notas maiores para as equipes. Um exemplo é Zanetti. Campeão mundial e olímpico nas argolas, o ginasta de 29 anos deverá se apresentar também no solo e no salto.
– As disputas individuais estão em segundo plano. O nosso objetivo agora é a classificação das duas equipes para a Olimpíada. A preparação foi voltada para alcançarmos este objetivo, e todos estão prontos para buscar as vagas – diz Henrique Motta, chefe de delegação da CBG.
Retorno
Sétima colocada no Mundial de 2018, a equipe feminina desembarcou na Alemanha desfalcada de sua principal ginasta, a paulista Rebeca Andrade, 20 anos, que se recupera de lesão no joelho direito. Em compensação, contará com o retorno de Jade, 28 anos, cortada às vésperas do Pan de Lima por torção no joelho esquerdo.
A experiente ginasta tem boas recordações de Stuttgart: foi na cidade-sede da Mercedes-Benz que a carioca, então uma adolescente de 16 anos, obteve o bronze no individual-geral no Mundial de 2007. Por essa sua versatilidade, Jade deverá competir nos quatro aparelhos – vale lembrar que quatro das cinco atletas da equipe podem se apresentar em cada prova (solo, barras assimétricas, salto e trave), e a pior nota é descartada.
Já a seleção masculina atravessa ótimo momento, depois de liderar o quadro de medalhas dos Jogos Pan-Americanos com quatro ouros e quatro pratas. Assim como as meninas, os rapazes também ficaram em sétimo no Mundial de 2018 – posição que, se reprisada na Alemanha, garantirá a vaga olímpica. Mas isso não é motivo para baixar a guarda, na avaliação do técnico Marcos Goto.
– Cada competição é diferente das outras. Não podemos errar, sob risco de ficar de fora da Olimpíada – alerta o técnico. – A vantagem é que temos uma equipe experiente, com ciclo de Mundiais e Olimpíadas. São garotos maduros, alguns casados e com filhos.
Além da dupla de "Arthurs", o paulista Francisco Barretto surge entre os mais cascudos. Em Lima, foi o destaque do país, com dois ouros individuais e outro por equipes. Prestes a completar 30 anos, Chico está cotado para quatro dos seis aparelhos na rotação brasileira (barra fixa, cavalo com alças, barras paralelas e argolas).
As equipes brasileiras
Feminino
Flávia Saraiva
Jade Barbosa
Lorrane Oliveira
Thais Fidelis
Leticia Costa
Quando compete: sábado (4), a partir das 15h (SporTV3)
Masculino
Arthur Zanetti
Arthur Nory
Caio Souza
Francisco Barreto
Lucas Bittencourt
Quando compete: domingo (5), a partir das 14h30min (SporTV3)