A cena se tornou uma marca dos Jogos Paraolímpicos. Assim que recebem a premiação, os vencedores levam as medalhas aos ouvidos e chacoalham. Toda vez que o gesto se repete, comemora a equipe do Comitê Organizador responsável pela ideia de dar som aos símbolos das conquistas.
– A gente queria criar um gestual novo nos pódios da Paraolimpíada. Assim como na Olimpíada os atletas mordem as medalhas, a ideia era de que "ouvissem" nos Jogos Paraolímpicos – explica Beth Lula, diretora de marcas do Comitê Rio 2016.
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Antes de cada cerimônia de premiação, os responsáveis avisam os atletas sobre a característica inusitada das medalhas, uma tarefa que tornou-se prescindível à medida que o sucesso da iniciativa tratou de divulgá-la entre os competidores. Agora, todos já esperam para saber qual o som de sua conquista.
Da ideia até a execução, o processo que resultou nas "medalhas-chocalho" durou pouco mais de um ano. Confeccionadas pela Casa da Moeda, têm um anel no interior, com pequenas esferas que emitem o som metálico e abafado pela "casca" feita do metal precioso. Se for de ouro, são 28 esferas, as de prata têm 20 e as de bronze, 16. Ou seja, quanto melhor o resultado, mais forte é o "guizo".
– Desde o início do processo de concepção a gente tinha essa ideia de fazer medalhas "multissensoriais". Logo vimos que era uma grande ideia quando pensamos em fazer as medalhas que emitem sons – conta Dalcacio Reis, gerente de design do Comitê.
Os deficientes visuais tendem a se emocionar ainda mais com a novidade, e ainda passam a mão sobre a superfície do metal para ler a inscrição "Rio 2016" em braile.
– O legado que nós queremos deixar com essas medalhas é o do design universal – destaca Beth.
Material reciclado
A preocupação com a realização de eventos sustentáveis foi transferida às medalhas. Tanto na Olimpíada quanto na Paraolimpíada, elas têm características simbólicas do cuidado com o meio ambiente.
O ouro distribuído aos campeões é proveniente de minas livres de mercúrio, metal que contamina solos e prejudica a saúde dos mineiros. Já as pratas e bronzes têm 30% de seu material reciclado, e a fita das medalhas leva 50% de PET reciclado em sua composição.