Trombadas, disputas por espaço, determinação e, acima de tudo, habilidade. Acredito que essas sejam as características que podem resumir o basquete de cadeira de rodas, modalidade que teve as primeiras partidas nos Jogos do Rio nesta quinta-feira.
E como se trata de basquete, seja olímpico, paraolímpico, amador ou profissional, enfrentar os Estados Unidos é sempre uma tarefa ingrata. Foi essa pedreira que a seleção brasileira encarou em sua estreia na competição. O resultado: vitória americana por 75 a 38.
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E olha que a torcida na Arena Olímpica do Rio ajudou, vibrou intensamente a cada cesta e gritava "defesa, defesa", quando os gringos se aproximavam do garrafão brasileiro. Para quem nunca viu de perto um jogo de alto nível de basquete paraolímpico, aviso que é de uma intensidade maluca, com os jogadores trancando as passagens uns dos outros. As cadeiras giram para todos os lados, parecendo os tradicionais carros choque de parques infantis. E os jogadores, muitas vezes, tombam.
Mesmo com tamanha disputa, a técnica sempre prevalece. E os americanos sobraram em quadra. Na metade da partida, venciam por 39 a 16. Destaque para Brian Bell, 27 anos. O cestinha do jogo, que perdeu a perna aos 10 anos em um acidente de trem, é a esperança dos EUA para retomar o protagonismo paraolímpico.
Inventores do basquete em cadeira de rodas, criado para reabilitar combatentes feridos na II Guerra Mundial, os americanos dominaram os primeiros eventos paraolímpicos, mas foram perdendo espaço para Austrália e Canadá, que ficaram com o ouro nos últimos Jogos. No Rio, só pensam no lugar mais alto do pódio. Na partida de ontem, os americanos mostraram que estão no caminho certo para ser o Dream Team também na modalidade paraolímpica. A equipe trocou passes de mão em mão, acertou arremessos de três pontos e venceu com tranquilidade.
Para o time brasileiro, os Jogos do Rio também são a esperança de dias melhores. Mesmo sendo um dos primeiros esportes paraolímpicos praticados no país, possivelmente o primeiro, nossa seleção nunca chegou nem perto do pódio.
Contra os EUA, a equipe mostrou bravura e união, mas desperdiçou muitos arremessos. Marcos Candido Sanchez, cestinha do time com 12 pontos, e Leandro de Miranda, líder em rebotes e assistências, foram os melhores. O gaúcho Gelson Júnior da Silva começou no banco, mas quando esteve em quadra mostrou boa participação, com passes e cestas.
– Tivemos muitas dificuldades nos chutes (arremessos) de fora, mas tentamos fazer o melhor, em momento algum deixamos de lutar. Era só primeiro jogo, e contra uma escola do basquete. Vamos em busca da classificação – comentou o ala-pivô nascido em Porto Alegre.
Apesar da derrota acachapante, a seleção deixou a quadra aplaudida pelos torcedores e sob os gritos de "Brasil, Brasil". Afinal, o público sabe que pode ter faltado técnica, mas não vontade e superação. O time volta à quadra nesta sexta, às 21h, quando encara a Argélia.
Gurias brilham
Se os homens começaram mal, a seleção feminina não teve dificuldade alguma em sua estreia nos Jogos do Rio. Nesta quinta-feira, o time brasileiro aplicou incríveis 85 a 19 na Argentina. Nesta sexta, às 15h15min, as gurias encaram a Alemanha.
*ZHESPORTES