Quarenta e cinco dias antes de a tocha dos Jogos Olímpicos do Rio chegar ao Rio Grande do Sul, o que acontecerá neste domingo, ingressando por Erechim, a judoca gaúcha Luiza Oliano, 19 anos, teve a honra de carregá-la pelas ruas de Teixeira de Freitas, no sul da Bahia. Luiza, medalha de bronze nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto (CAN), em 2015, foi indicada pelo governo federal para a organização do evento. Ela faz parte do programa Bolsa Atleta. Junto a outros 11 desportistas, Luiza recebeu de presente a tocha que conduziu. A relíquia é guardada com zelo em seu apartamento, no bairro Menino Deus, em Porto Alegre. Dentro de um cilindro marrom, com imagens estilizadas da cidade do Rio de Janeiro, a tocha deixa o repouso apenas em momentos especiais.
– Eu sentia as pessoas muito felizes, com a passagem da tocha olímpica. Elas gritavam o meu nome. Foi feriado em Teixeira de Freitas no dia do desfile. A cidade inteira parecia estar nas ruas para o revezamento da tocha. Foi um dos dias mais felizes da minha vida. Espero que aqui, no Rio Grande do Sul, a vibração das pessoas seja tão grande como foi na Bahia – disse a judoca do Grêmio Náutico União, que perdeu a visão ainda criança, devido a uma retinopatia. – Todos me pediam para tocar a tocha, para tirar fotos. Os organizadores só recomendaram que eu não soltasse a tocha, que as pessoas só poderiam tirar foto se eu estivesse junto à tocha – completou ela, que correu no interior da Bahia guiada por um agente da Força Nacional.
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Orgulhosa detentora de uma das tochas olímpicas utilizadas no revezamento em solo brasileiro, Luiza foi convidada pela direção do Inter para um outro desfile: cumprir os 400 metros da volta olímpica no gramado do Beira-Rio com a chama dos Jogos do Rio, neste domingo de manhã, antes do clássico Gre-Nal.
– Gostaria muito de conduzir a tocha no desfile de Porto Alegre, mas a organização permite que cada um vá uma vez só. Mas levar atocha olímpica ao Beira-Rio será um sonho também – afirmou a colorada Luiza. – Quero uma nova vitória por 1 a 0, com gol do Vitinho – acrescentou a atleta, lembrando o clássico do Brasileirão do ano passado, no Beira-Rio, decidido pelo atacante.
Luiza Oliano não conseguiu a vaga à Paraolimpíada do Rio. Mas a alegria com a qual maneja o seu tesouro olímpico parece compensar a vaga. A judoca saca a tocha do cilindro e gira o botão sob o artefato. Como em um passe de mágica, a tocha então parece ganhar vida. Deixa de ser branca e inanimada, começando a ganhar ondas que simbolizam o icônico calçadão de Copacabana, em tons de azul (do nosso litoral) e verde (das nossas matas), terminando com o amarelo do fogo, que representa o sol do Brasil e também o ouro olímpico – na concepção do designer Gustavo Chelles, um dos criadores da tocha brasileira.
– É um símbolo muito bonito. Imagino que seja a tocha mais bonita de todos os Jogos Olímpicos – concluiu Luiza.
O encantamento da judoca gaúcha foi semelhante ao da apresentadora da Rede Globo Sandra Annenberg, 48 anos. A jornalista foi convidada a conduzir a tocha olímpica em Belo Horizonte. A alegria quase infantil de Sandra ao carregar a chama dos Jogos do Rio chegou a virar meme nas redes sociais, com brincadeiras do tipo "namore alguém que olha para a você como a Sandra olha para a tocha olímpica" e "fotos que comprovam que Sandra Annenberg é a pessoa mais feliz do mundo com a tocha".
– Esse foi um dos momentos mágicos da vida. É claro que todos sabemos do momento delicado que vivemos, passamos por uma grande crise política e econômica. Mas, naquele instante, por 200 metros, pude sentir a emoção de levar a chama histórica adiante. Foi incrível, muito divertido e único – disse Sandra Annenberg a ZH. – E é a tocha mais linda da história dos Jogos Olímpicos – emendou.
A tocha olímpica seguiu desbravando o interior do Paraná, nessa quarta-feira, e encerrou o dia em Londrina. Nesta quinta, seguirá pelo oeste paranaense. Neste sábado, encerrará a sua trajetória paranaense, na cidade de Pato Branco. No domingo, cruzará Santa Catarina pelo oeste e, por volta das 16h, chegará ao Rio Grande do Sul, via Erechim, passando pelas mãos de outros 617 gaúchos, e permanecendo por seis dias no Estado, até chegar a Torres e cruzar o Mampituba, rumo a Sombrio, retornando a Santa Catarina.
*ZHESPORTES
Rio 2016
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Leandro Behs
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