No próximo mês completam-se 20 anos do início da Olimpíada de Atlanta, em 1996. A data é particularmente especial para o Brasil. O desempenho naquela edição dos Jogos, que trouxe 15 medalhas para o país, foi histórico.
Muito antes da Lei Agnelo Piva, que injetou recursos nas Confederações, ou de bolsas e projetos de incentivo do governo federal, a delegação de Atlanta atingiu resultados que só foram superados em Londres, após vários ciclos de pesados investimentos no esporte.
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As 15 medalhas conquistadas nos EUA não condiziam com a situação falimentar do esporte brasileiro à época. Foram três ouros, com a vela de Robert Scheidt, Torben Grael e Marcelo Ferreira, e o vôlei de praia de Jacqueline e Sandra. Brilharam Sandra e Adriana, prata no vôlei de praia, além do basquete feminino e o revezamento 4x100m do atletismo, também vice-campeões olímpicos. Mais nove bronzes fecharam a contagem brasileira no quadro de medalhas.
Basta olhar o pré e o pós Atlanta para entender o peso daquele desempenho. Até 1996, o melhor resultado brasileiro em número de pódios fora em Los Angeles, 1984, com oito medalhas. Em Seul, 1988, e Barcelona, 1992, vieram seis e três, respectivamente. Depois de Atlanta, foram 12 medalhas em Sydney, 10 em Atenas, 15 em Pequim e 17 em Londres. Só em 2012, 11 anos depois da sanção da Lei Agnelo Piva, sete após o início do Bolsa Atleta e seis depois da Lei de Incentivo ao Esporte, o resultado foi ultrapassado.
A superação de 1996 pode servir de bom exemplo para quem hoje faz os últimos ajustes nos ponteiros para o Rio. Chegaremos à Olimpíada após quatro anos com cerca de US$ 600 milhões (pouco mais de R$ 2 bilhões) injetados na preparação dos atletas. Vimos, como era esperado diante do aumento de recursos, o surgimento de novas referências, como Isaquias Queiroz, na canoagem. Teremos um resultado muito superior se comparado a outras edições. Nossos atletas, porém, não podem se contentar em simplesmente superar o Brasil do passado. Os valores olímpicos ensinam a importância de buscar a superação dos próprios limites, algo que a turma de Atlanta soube fazer.
* ZH Esportes