Há três dias, o centro de Curitiba tem presenciado uma peregrinação de fãs da Seleção Brasileira. Com gradis instalados em frente ao Hotel Bourbon, os carros trafegam lentamente em meia pista para tentar enxergar algum jogador pela janela. Nem mesmo a fina chuva que caiu na manhã desta quinta-feira (5) afugentou da calçada os torcedores, na sua ampla maioria jovens e fãs de Vinicius Junior.
— Sou fã da Seleção Brasileira no geral, não tem nenhum jogador que eu goste em especial. Mas, se eu pudesse escolher, queria tirar uma foto com o Vini Junior e com o goleiro Bento, porque meu pai torce pelo Athletico-PR e acabei torcendo também — disse Larissa Darling, 22 anos, que vestia a camisa do Brasil.
Nem mesmo a má campanha na Copa América, com eliminação nas quartas de final, e a série de quatro jogos sem vencer nas Eliminatórias, que deixa o Brasil na sexta colocação, minimizou a expectativa por chegar perto dos atletas que enfrentarão o Equador, nesta sexta (6).
Um exemplo disso era o pequeno Davi, de sete anos. Aos gritos, ele narrava gols do atacante do Real Madrid para tentar chamar atenção de qualquer um que aparecesse na janela do hotel, clamando para que o ídolo descesse para tirar fotos.
— Quero ver o Vini Junior e o Endrick, que é o novo Pelé — disse ele.
— Estamos tentando a sorte. O Taffarel (treinador de goleiros) foi o único a descer até agora. Foi super gentil, parou aqui e atendeu todo mundo. Estamos esperando os jogadores darem essa atenção para a torcida aqui também. Meu filho queria vir desde ontem (quarta-feira, 4) e agora passamos aqui na frente e resolvemos dar uma paradinha. Mais tarde, vamos voltar — explicou a mãe de Davi, Sabrina Porath.
A festa dos jovens faz sentido: eles nunca viram a Seleção Brasileira de perto. Faz tanto tempo que o Brasil não atua na capital paranaense que fica até difícil para os curitibanos recordarem qual foi a última vez.
— Lembro que eu fui em um jogo contra o Chile, no Couto Pereira, e que choveu para caramba. Nem lembro muita coisa — descreveu Genilson Silva da Cruz, 47 anos, citando uma partida de 2001.
Na verdade, o último compromisso da Seleção em terras paranaenses foi em 2003. Na época, comandada por Carlos Alberto Parreira, a equipe recém-campeã do mundo empatou em 3 a 3 com o Uruguai, no Estádio Pinheirão, pelas Eliminatórias. Em campo, os ídolos também eram bem diferentes, tendo estrelas como Ronaldo Nazário e Rivaldo.