A Agência Mundial Antidoping (Wada) anunciou neste sábado (28) que entrou com um recurso no caso do tenista italiano Jannik Sinner, atual número 1 do mundo, absolvido pela Agência Internacional de Integridade do Tênis (ITIA) após ter testado positivo para a substância proibida clostebol em dois exames realizados em março.
Em seu comunicado, a Wada considera que "a conclusão de culpa ou de negligência não é correta no que diz respeito às regras aplicáveis" e pede "um período de suspensão de um a dois anos" para o italiano, sem que seus resultados desde os exames positivos, entre eles o título do US Open, sejam anulados. Se o recurso for aceito, o atual número 1 do mundo pode levar uma suspensão de um a dois anos.
"Estando o caso em trâmite no TAS (Tribunal Arbitral do Esporte), a Wada não fará mais comentários sobre o assunto", acrescenta o texto.
A agência havia informado no dia 10 de setembro que ainda não tinha decidido se recorreria ou não contra a absolvição de Sinner e que estava "estudando" a situação.
— Não podemos controlar tudo. Obviamente estou muito decepcionado e também surpreso. Tive três audiências e as três foram muito positivas para mim — declarou o italiano em entrevista após se classificar para as quartas de final do ATP 500 de Pequim, ao derrotar o russo Roman Safiullin neste sábado.
Mais tarde, o jogador publicou um comunicado: "É difícil entender o que vai acrescentar ter três juízes diferentes examinando os mesmos fatos e de novo os mesmos documentos".
"Mas não tenho nada a esconder e, como já disse, vou cooperar totalmente com o processo do recurso e fazer o que for necessário para provar novamente a minha inocência", acrescentou.
Os dois exames que apontaram o esteroide clostebol no organismo do italiano foram realizados em março, durante Masters 1000 de Indian Wells e antes do torneio de Miami, mas só se tornaram públicos no final de agosto, quando a ITIA absolveu o italiano ao final de uma investigação.
Sinner, campeão do Aberto da Austrália e do US Open este ano, alegou uma "contaminação acidental" e que as pequenas quantidades da substância, um anabolizante derivado da testosterona, provinham de seu fisioterapeuta, que usou um spray de venda livre para tratar um corte em um dedo e o contaminou ao aplicar massagens.
Pouco antes do Grand Slam dos Estados Unidos, o italiano desligou de sua equipe o fisioterapeuta Giacomo Naldi, suposto responsável pela contaminação, e o preparador físico Umberto Ferara, que havia indicado o spray para Naldi.
Vários tenistas denunciaram desde então um possível favorecimento a Sinner, que pôde continuar competindo no circuito durante o processo.
"Talvez só queiram ter certeza de que tudo foi feito da maneira correta, mas sim, estou surpreso que eles tenham recorrido", concluiu o jogador.
* AFP