Gaúcho de Porto Alegre, Fabrício Werdum, 46 anos, é um dos principais nomes da luta no Brasil e no mundo. Suas façanhas são diversas, como o título do UFC nos pesos-pesados e ser o protagonista da maior zebra da história do MMA. Recentemente, o lutador lançou um documentário sobre seu retorno ao octógono.
"Werdum, Acima da dor" foi lançado dia 8 de março e está disponível no Globoplay. O filme mostra detalhes da preparação do gaúcho para voltar a lutar após três anos parado. Ele fez uma revanche contra o também brasileiro Júnior Cigano, no Gamebred Bareknuckle — evento de MMA sem luvas.
— Tinha ido aos EUA para treinar, por ter aceitado uma luta com uma proposta muito boa. Tenho um amigo, Kleber Silva, que é o diretor do documentário e sugeriu filmar tudo. Os treinos, os momentos sozinho, a alimentação e a convivência com as pessoas. Foi muito bom pegar esses detalhes de treinamento, lesões e as pequenas vitórias do dia a dia. O documentário ficou impressionante — diz Werdum, em entrevista para GZH.
Assim como em 2008, no UFC 90, Cigano venceu o gaúcho. Mesmo com a derrota para um dos maiores rivais no mundo da luta, Werdum comenta que teve várias vitórias durante a preparação e as pessoas que assistirem ao documentário vão conseguir sentir a mesma coisa.
— Vão ter uma sensação de vitória, de vitórias do dia a dia que as pessoas não se dão conta. Coisas normais no dia a dia de cada um, mas as pessoas não se dão conta dessas vitórias diárias. Quero mostrar esse lado do sofrimento, de correr atrás e não desistir. Aconteceram muitas lesões. Por isso "Acima da dor". Eu não esperava isso. Como fazia muito tempo que eu não treinava, meu corpo não estava preparado para a luta. Há momentos de emoção e momentos para dar risada — conta.
Apesar dessa luta realizada em setembro de 2023, Werdum não descarta voltar a lutar. Tudo dependerá do momento e da proposta que receber.
— Planos de voltar a lutar eu sempre tenho. Não é minha prioridade hoje em dia. Estou com 46 anos, me sinto muito bem, não tenho nenhuma lesão grave que me faça não lutar. Se tiver um momento que faça sentido lutar de novo, eu volto. Depende da proposta, não é só pela grana. A do Cigano aconteceu por existir uma rivalidade de mais de 15 anos. Tem que fazer sentido — explica o lutador.
Momentos para guardar na memória
No mundo das lutas, há momentos de glória e outros que se prefere esquecer. Na carreira de Werdum, essas ocasiões se conversam e ajudaram na carreira do gaúcho. Justamente a primeira luta contra Cigano, em 2008, foi um dos piores momentos da carreira do "Vai Cavalo", como ficou conhecido ao longo dos anos.
— Quando perdi a luta, também perdi contrato com o UFC. Fiquei desempregado um ano e meio. Decidi ir morar no EUA, para correr atrás e buscar um evento que me contratasse. Aconteceu, corri atrás e voltei para o UFC para ser campeão. Tive que aprender muito, ou perde tudo e não volta nunca mais, ou corre atrás e busca dar a volta por cima. Extremo da tristeza de perder contrato, patrocínio, tudo. Depois, voltar e ganhar tudo de novo, muito dinheiro e a glória de conquistar o cinturão mais cobiçado do mundo, que é o UFC — conta.
Apesar de ter vencido na principal organização de MMA do mundo, não foi no UFC seu momento mais especial na carreira. Acima do cinturão, Werdum foi protagonista da considerada maior zebra da história da luta. No dia 26 de junho de 2010, após ter sido contratado pela Strikeforce e ter vencido as duas primeiras lutas, o gaúcho foi escalado para enfrentar um dos maiores de todos os tempos.
— A luta contra o Fedor Emelianenko, um cara que nunca havia perdido. Eu ganhei do melhor de todos os tempos, em 69 segundos. Essa foi a glória da minha vida, não tenho dúvida de responder isso. A luta contra o Cain Velasquez pelo cinturão do UFC foi ótima, mas nem se compara. Contra o Fedor a pergunta era: quem é esse cara que venceu o melhor do mundo? Começaram a me conhecer por aquele feito — relata Werdum, com muita emoção.
O russo Fedor Emilianenko tinha 28 vitórias na carreira e 10 anos de invencibilidade. No entanto, ao ir para o chão contra Werdum — um dos melhores no jiu-jitsu —, a história foi diferente. O gaúcho conseguiu imobilizar o adversário, prendendo braço e pescoço com suas pernas, e fez com que o russo desistisse da luta em 1 minuto e 9 segundos.
Cenário atual das lutas
O MMA brasileiro é grato a Werdum, assim como outros grandes nomes que fizeram história no esporte, como Anderson Silva, Cigano, José Aldo e Vitor Belfort. Para o gaúcho, apesar da visibilidade não ser como antes, o Brasil ainda está no topo das principais competições.
— Os brasileiros estão sempre na frente. Brasileiros, norte-americanos e russos. São três países que têm os melhores do mundo. Temos muita quantidade e qualidade. Povo brasileiro é guerreiro e não desiste. Sempre acho que o Brasil está no pódio, não é sempre o primeiro, mas está brigando pelo primeiro lugar. São momentos de altos e baixos que vive o cenário — explica Werdum.
O mundo das lutas também se destaca atualmente pelas lutas de exibição entre ex-lutadores e influenciadores digitais. Recentemente, Acelino "Popó" Freitas enfrentou o ex-BBB Kleber Bambam e venceu no boxe. Em breve haverá o duelo entre Mike Tyson e o influenciadore Jake Paul, que também promete chamar a atenção.
— Acho bem legal, sou a favor. Chama atenção e divulga nossa arte que é a luta. Por vezes os influenciadores faltam com um pouco de respeito, que as pessoas não têm noção o que é lutar 100%, que o lutador se prepara a vida inteira. Alguns influencers acham que em 3 ou 4 meses treinando vão sair lutando igual a gente. Se entra tem que ter honra, independente da vitória ou da derrota. O Bambam e o Junior Dublê, que lutaram com o Popó, fizeram fiasco. Não faça fiasco de falar muito e depois não segurar a bronca. Todos sabiam que não tinha como o Bambam ganhar, mas ele faltou com respeito em vários momentos — diz Werdum.
O gaúcho tem ligação com Mike Tyson. Ambos treinam com Rafael Cordeiro, considerado um dos melhores do mundo em preparação. Por conta disso, Werdum já revelou sua torcida para esse duelo:
— Vai ocorrer essa luta contra o Jake Paul, mas minha torcida vai ser pelo Mike. Será um grande evento.