A delegação brasileira que disputará os Jogos Olímpicos de Paris não para de crescer. Com a confirmação da classificação da esgrimista Nathalie Moellhausen, nesta sexta-feira (8), o Time Brasil tem até agora 164 vagas conquistadas, sendo 102 femininas, o que representa 62% de participação.
No Dia Internacional da Mulher, comemorado neste 8 de março, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) anunciou duas novidades que comprovam o fortalecimento da presença feminina no esporte olímpico. A primeira é a nomeação de Valeska Menezes, a Valeskinha, campeã olímpica de vôlei em Pequim 2008, para integrar a Comissão Mulher no Esporte da entidade.
— Me senti muito honrada e feliz por ter sido lembrada. Minha expectativa é ajudar com minha experiência e aprender ouvindo as experiências das outras envolvidas. A Comissão Mulher no Esporte, para mim, é algo que deveria ter em outras organizações. É ótimo quando vemos o COB buscar promover a igualdade de gênero e criar espaços para discussões relevantes — comenta Valeskinha, que é filha de Aída dos Santos, quarta colocada no salto em altura em Tóquio 1964, o melhor resultado individual de uma mulher brasileira em Jogos Olímpicos por mais de 40 anos, até o bronze de Ketleyn Quadros no judô em Pequim 2008.
Dona de quatro títulos de Grand Prix, uma Copa dos Campeões, uma prata na Copa do Mundo (2003) e dois ouros em mundiais militares, em 2011 e 2015, com a seleção brasileira, ela ainda foi eleita a melhor bloqueadora do mundo em 2003 e sempre buscou inspiração dentro de casa.
— Ter uma inspiração dentro de casa é algo muito valioso. A influência da minha mãe para muitas mulheres atletas foi fundamental para mostrar que é possível superar desafios, alcançar o sucesso no esporte e encorajar outras atletas. O esporte feminino no Brasil tem progredido, a visibilidade aumentou, mas os desafios persistem. Ainda há um longo caminho a percorrer para igualdade de oportunidades — completou a ex-atleta, que deixou as quadras em 2023, aos 47 anos, e que hoje faz parte da comissão técnica do Curitiba Vôlei, que disputa a Superliga B.
A segunda ação foi a criação de um Grupo de Trabalho com representantes da área Mulher no Esporte e o Laboratório Olímpico que já discute a performance da mulher atleta. Neste primeiro momento haverá uma atualização dos profissionais de Ciências do Esporte do Time Brasil sobre os mais recentes estudos focados no desempenho esportivo feminino em alto rendimento.
— O COB tem uma atenção especial e é referência no mundo todo no que diz respeito à saúde da atleta, principalmente com a ginecologia do esporte. Agora, estamos dando um passo importante em relação à performance, que vai além da saúde. Existe um movimento internacional que fala sobre "treinar mulheres como mulheres", já que o conhecimento científico que temos em relação ao treinamento esportivo é baseado em pesquisas com homens. Agora vemos um aumento de estudos específicos com mulheres — afirma Taciana Pinto, gerente de Desenvolvimento e da área Mulher no Esporte do COB.
Entre as pesquisas estão, por exemplo, debates em torno da propensão de mulheres a lesões de LCA (ligamento cruzado anterior). Além do serviço de ginecologia do esporte que é oferecido desde 2011, o COB passa, então, a discutir de forma interdisciplinar, entre todas as áreas do Laboratório Olímpico, sobre como atuar para garantir uma maior performance das atletas mulheres.
A Área Mulher no Esporte, que está dentro da diretoria de Desenvolvimento Esportivo e Ciências do Esporte, foi criada pelo COB em 2021, e tem promovido ações de valorização e fortalecimento das mulheres.