Os Jogos Olímpicos remontam à Antiguidade e foram criados para homenagear os deuses do Olimpo, como Zeus, valorizando suas aptidões físicas. Na Era Moderna, quando eles foram criados, com a primeira edição em 1896, nenhuma mulher se fez presente. Idealizador da retomada dos Jogos, o francês Pierre de Coubertin afirmou que "uma Olimpíada com mulheres seria impraticável, desinteressante, inestética e imprópria".
Mas apesar dessa posição do Barão de Coubertin, em 1900, quando Paris sediou o evento pela primeira vez e 22 mulheres puderam competir no tênis, vela, croquet (um antigo jogo de recreação), hipismo e golfe. Vencedora no tênis, a britânica Charlotte Cooper é considerada a primeira mulher campeã olímpica da história.
Mas apenas a partir de 1908 é que elas foram admitidas oficialmente no evento e mesmo assim, por muitos e muitos anos eram minoria. A preocupação em valorizar a presença feminina nos Jogos Olímpicos é recente, tanto que apenas quando o megaevento esportivo completou 100 anos é que elas foram citadas, de forma direta, pela Carta Olímpica, que é uma espécie de Constituição do chamado Movimento Olímpico. A partir de Atlanta 1996, "promover as mulheres" se tornou uma missão do Comitê Olímpico Internacional (COI).
Os avanços foram muitos e elas foram conquistando seus espaços dentro e fora das áreas de competição. A busca pela igualdade de gênero se tornou quase uma obsessão nos últimos anos e ela finalmente será atingida em Paris. Dos 10.500 esportistas aguardos para os Jogos de Paris, o COI estabeleceu que as vagas deverão ser ocupadas igualitariamente com 50% para elas e 50% para eles.
É um passo fundamental na busca por igualdade, mas outros aspectos precisam avançar para que o meio esportivo se torne seguro para a presença feminina, seja ela como esportista, membro de delegação, jornalista, voluntária, torcedora.
O Brasil tem até o momento 163 vagas confirmadas em Paris e as mulheres até o momento estão em maioria. São 101 brasileiras já classificadas para os Jogos e a tendência é que elas sejam maioria na lista final que deve chegar a 330.
Que os Jogos na capital francesa sejam um marco para que Charlotte Cooper, Maria Lenk, Fanny Blankers-Koen, Jaqueline Silva, Nadia Comaneci, Aida dos Santos, Enriqueta Basilio, Larissa Latynina, Maurren Maggi, Megan Rapinoe, Marta e tantas outras, tenham suas histórias contadas e cada vez mais valorizadas neste longo e mais do que centenário processo, que por muitos e muitos anos apartou as mulheres do esporte.